São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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Admirável novo mundo

LUÍS NASSIF

Ao longo dos últimos anos, a World Future Society (WFS) se tornou uma das mais instigantes instituições do planeta. Seus membros se dedicam ao trabalho fascinante e complexo de desvendar as grandes tendências mundiais.
As conclusões do último encontro -em julho passado- acabam de ser divulgados no Brasil pelo Instituto Marcos Vianna.
Um dos pontos altos do encontro foi a apresentação do "futurista" Peter Schwartz -conforme relato de Sérgio Duarte Velasco, vice-presidente do Instituto.
Ao contrário das visões catastrofistas que caracterizaram, por exemplo, as projeções do Clube de Roma, Schwartz prevê uma vida cada vez melhor no planeta. Sua visão é que os benefícios do progresso não serão distribuídos igualmente por todos os países, mas todos se beneficiarão em maior ou menor grau.
Revoluções
Segundo Schwartz, as principais forças que romperam com a linha de continuísmo da era industrial foram:
* O nascimento do PC e a revolução dos computadores;
* Desmembramento da ATT em três empresas e a revolução das telecomunicações;
* Ruptura abrupta e impactante do sistema de poder, que de centralizado passou a ser distribuído entre milhares de pessoas;
* As revoluções política e econômica instituídas pelos governos de Ronald Reagan e Margaret Thatcher;
* A ruptura da União Soviética -os movimentos de abertura e reestruturação instituídos por Mikhail Gorbachov;
* As mudanças introduzidas na China, a partir de 1978, por Deng Xiaoping.
As próximas revoluções * O "take off" da Ásia -Schwartz considera as mudanças da Ásia o evento do milênio, rompendo com o predomínio das civilizações de origem européia, que vinha desde o século 14.
* A Internet -hoje, esta nova estrutura social está apenas engatinhando. Mas, com o tempo, estará formada uma grande rede de pessoas e instituições que, por meio de novas tecnologias de relacionamento, conseguirão atingir níveis inimagináveis de produtividade.
* A biotecnologia -mais importante do que os avanços do DNA na medicina humana, será seu papel na indústria, alterando a eficiência dos processos industriais.
* O ressurgimento do Japão -depois das dificuldades vividas nos últimos anos, em pouquíssimo tempo o Japão estará apto a introduzir novos padrões de competitividade no mundo dos negócios.
* A reestruturação da Europa -Schwartz considera a Europa um participante acomodado. Mas acredita que, com a União Monetária Européia, haverá o despertar de novos espíritos empreendedores.
* O fim da máquina de combustão interna -única tecnologia a não mudar neste século, os carros chegarão ao ano 2025 movidos a eletricidade. Essa é uma das forças que levarão o mundo a crescer economicamente de forma limpa, sem poluição.
* A inserção da Rússia na economia global -prevê pelo menos uma década para o renascimento do sistema econômico russo. Depois disso, aliada à Europa, poderá produzir uma potência mundial de primeiro time. Mas ainda é uma incógnita.
* Instituição de uma rede econômica global -hoje em dia, 70% do mundo nunca fez uma ligação telefônica. Em 2004, 100% do mundo terá acesso completo à banda larga de comunicações a um custo quase zero. Essa mudança provocará uma ruptura de enormes proporções ao permitir que todos, em qualquer lugar do mundo, estejam ligados de uma forma integrada on-line.
* A geração milênio e o aumento da expectativa de vida -a geração milênio, que começou a nascer na década de 90, formará líderes a partir dos anos 2020 a 2040. Com o aumento da expectativa de vida, viverão de 120 a 150 anos. Por essa razão, terão bastante interesse em construir um futuro muito bom.
* A introdução da nanotecnologia -esta tecnologia permitirá construir coisas a partir do átomo. Com ela, a xerox de 2020 reproduzirá novas coisas físicas a partir de um original.
* Desembarque em outros planetas -países montarão consórcios que permitirão, até o ano 2020, desembarcar os primeiros seres humanos em Marte ou em planetas vizinhos.
Fatores de risco
Schwartz identifica os seguintes fatores de risco:
* O crescimento da China pode levar a uma nova guerra fria;
* A cleptocracia russa pode continuar e perdurar por muito tempo;
* A integração européia pode não funcionar;
* Erros nas previsões tecnológicas;
* Aumento brutal de crimes e de atos terroristas desestabiliza os sistemas;
* O surgimento de pragas e doenças altamente contagiosas.

E-mail: lnassif@uol.com.br

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