São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Clássico aposta mais no passado que no presente

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

E o tricolor vem embalado pela goleada de 5 a 1 sobre o Vélez, pela Supercopa, na quinta-feira, enquanto o Palmeiras tenta erguer a fronte que se curvou diante do União São João ainda outro dia.
Mas quem conhece futebol sabe que isso é besteira, quando se trata de um clássico dessa tradição. Ainda mais nas atuais circunstâncias, em que, tecnicamente, quase todos os disputantes do Campeonato Brasileiro estão nivelados.
Além do mais, se há uma linearidade nesta temporada essa tem o formato de uma montanha russa -o que deu um show ontem despenca hoje.
E, se bem analisada a performance do São Paulo diante dos argentinos, embora pudesse ter pespegado um placar inconcebível, tipo 9 a 1, posto ter desperdiçado mais quatro chances de ouro, o conjunto do espetáculo oferecido não sugere grandes saltos. Na verdade, foi um show de gols, não de futebol, pois o tricolor revelou as mesmas deficiências de sempre -uma defesa atabalhoada e um meio-campo nada criativo. Só que, desta vez, os gols foram feitos, ao contrário do que andava acontecendo nos resultados negativos anteriores.
Quanto ao Palmeiras, que dizer? Esse time foi moldado, desde o consórcio com a Parmalat, para ser um esquadrão, capaz de levantar títulos e despertar paixões pela finura de seu futebol. E assim foi, até a saída de Brunoro. Ou melhor: até a fissura causada pela última reeleição de Mustafá.
Embora tenha conquistado um título na Espanha, com pálida atuação, já perdeu a liderança no Brasileiro há algum tempo e não dá sinais de recuperação imediata.
Pior: não se fala em reforços, e o técnico Felipão insiste numa formação essencialmente defensivista, ou por falta de opções no elenco ou por princípio mesmo.
Em todo caso, trata-se de um clássico. No caso, aposta-se mais no passado do que no presente dos dois times.
*
Estou ainda deslumbrado com minha breve passagem por Passo Fundo, no interior do Rio Grande do Sul.
Essa 7ª Jornada Nacional de Literatura, obra da vice-reitora da Universidade de Passo Fundo, Tânia Rosing, a plena incorporação da típica professora que tivemos um dia -mestra, mãezona e doce carrasca-, é muito mais do que um grande evento cultural que se desenrola nos fundões do Sul, longe da grande mídia do centro do país.
É um instante único de reflexão sobre a nossa capacidade (e extrema necessidade) de realizarmos empreendimentos desse porte e feitio: uma enorme tenda de circo armada no centro do cidade para cerca de 4.000 espectadores, lotada, de manhã, de tarde e de noite, durante uma semana.
Num clima lúdico, descontraído, joga-se com as idéias, num repertório de altíssimo tom, para uma platéia jovem, atenta e interessada. Enfim, um gol de letra. E de placa.

Texto Anterior: Clássico trai tradição e busca pontaria
Próximo Texto: Decisões
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.