São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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Irmão de Diana critica a família real e a imprensa

PAULO HENRIQUE BRAGA; FERNANDO CANZIAN
DE LONDRES DO ENVIADO ESPECIAL À LONDRES

Em discurso emocionado durante o funeral da princesa Diana, na abadia de Westminster, em Londres, seu irmão mais novo, o conde Charles Spencer, 33, atacou ontem a imprensa e criticou -de forma velada- a família real britânica.
"De todas as ironias a respeito de Diana, talvez a maior seja esta: uma garota à qual foi dado o nome da antiga deusa da caça acabou por tornar-se a pessoa mais caçada da Era Moderna", disse Spencer.
Dois dias antes, ele "desconvidou" donos de tablóides britânicos a participar da cerimônia.
Na sequência, afirmou que jamais permitiria que os dois filhos de Diana, os príncipes William, 15, e Harry, 12, sofressem o mesmo assédio que a levava "constantemente ao desespero e às lágrimas".
"E, além disso, em nome de sua mãe e de suas irmãs, juro que nós, sua família consanguínea, faremos tudo o que pudermos para dar continuidade à maneira amorosa e imaginativa em que você estava guiando esses dois jovens excepcionais, de modo que suas almas não sejam imersas apenas no dever e na tradição, mas possam cantar livremente, como você planejou", disse.
Spencer afirmou que respeitava "integralmente a herança com a qual (William e Harry) nasceram" e que os encorajaria a desempenhar seu "papel real". Mas que reconhecia, como Diana, a "necessidade que eles têm de viver o maior número de aspectos diferentes da vida, para armá-los espiritual e emocionalmente para os anos vindouros".
Aplausos
Seu pronunciamento, feito pouco além da metade da cerimônia, foi aplaudido por quase um minuto dentro e fora da abadia, onde milhares de pessoas acompanharam o funeral em telões instalados no Hyde Park e em frente a Westminster.
O funeral da princesa Diana começou pouco depois das 11h (7h em Brasília), quando o caixão com seu corpo chegou à abadia depois de quase duas horas de cortejo pelas principais ruas de Londres.
Ao som de "Eu Sou a Ressurreição da Vida", de William Croft, organista da abadia entre 1708 e 1727, o caixão foi colocado no local mais importante do edifício: o "coração da cruz", como é chamado o centro da cruz formada pelas paredes de Westminster.
À direita, ficaram 43 membros da família real. À esquerda, os Spencer. Segundos depois, a rainha Elizabeth 2ª, o príncipe Charles, William e Harry colocaram arranjos de flores ao pé do caixão.
Durante a cerimônia, além do conde Spencer e de religiosos presentes, falaram as duas irmãs de Diana, Sarah McCorquodale e Jane Fellower, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que leu um trecho da Bíblia.
O cantor Elton John, amigo de Diana, cantou uma versão modificada da música "Candle in the Wind".
Durante a cerimônia, o arcebispo de Canterbury, George Carey, lembrou que Dodi al Fayed, namorado de Diana, e seu motorista Henri Paul, mortos no acidente que matou a princesa, também deveriam ser lembrados.
O funeral de Diana durou uma hora e seis minutos e terminou com um minuto de silêncio pedido oficialmente pela rainha para ser respeitado em todo o país.
(PAULO HENRIQUE BRAGA)
(FERNANDO CANZIAN)

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