São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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Conserto na Mir tem 'sucesso parcial'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Apesar das seis horas de trabalho em pleno espaço, dois tripulantes da estação espacial russa Mir não conseguiram localizar furos na parte externa da nave, que teriam sido provocados por uma colisão com um foguete-cargueiro não tripulado em 25 de junho.
O passeio fora da estação espacial foi o primeiro realizado desde o acidente, que foi considerado o pior ocorrido com a Mir nos seus 11 anos de operação. O Centro de Controle de Vôos Espaciais da Rússia admite que serão necessárias novas saídas ao espaço para efetuar os reparos, segundo o porta-voz Vsevolod Latichev.
Depois de procurar fissuras ou perfurações em cinco pontos diferentes da estrutura da Mir, o russo Anatoli Soloviov e o norte-americano de origem britânica Michael Foale receberam do centro espacial ordem para retornar ao interior da estação.
"Foi um trabalho longo e difícil", disse o diretor do controle terrestre, Vladimir Soloviov, que em março de 1986 integrou a primeira tripulação da Mir. Ele disse também que, se demorassem mais, os dois tripulantes correriam risco de morte pois poderiam ter dificuldade para retornar.
As reservas de oxigênio dos dois tripulantes lhes permitiam uma permanência máxima de sete horas no espaço.
Atados à estação espacial por cabos, os dois tripulantes tiveram de realizar suas tarefas com uma precaução especial: evitar acidentes com objetos capazes de provocar rupturas em seus trajes espaciais, que lhes asseguraram fornecimento de oxigênio e proteção das condições do ambiente espacial.
No espaço, a ruptura de um traje espacial pode ser fatal para quem o está usando por causa da falta de oxigênio e das variações de temperatura (leia texto ao lado).
Auxiliado pelo astronauta norte-americano de origem britânica Michael Foale, o experiente cosmonauta russo Anatoli Soloviov, que já acumulava 41 horas de permanência no espaço aberto durante outras missões, realinhou os painéis solares da Mir que foram avariados no acidente.
Alexander Spirin, um dos gerentes do centro espacial, informou que o redirecionamento dos painéis permitirá à Mir aumentar em 10% suas reservas de energia.
Desde a colisão, a necessidade de economizar energia têm forçado os tripulantes a desligar sistematicamente diversos instrumentos e equipamentos de navegação e de suporte à vida no interior da estação, incluindo os sistemas de oxigênio, controle de temperatura, comunicações e de posicionamento da nave na órbita terrestre.
Os tripulantes e os técnicos russos acreditam na existência de perfurações na estrutura externa da Mir porque a nave, durante o acidente de junho, teve imediata descompressão do ar, interrompida com o rápido fechamento da escotilha interna que dá acesso ao módulo Spektr, que sofreu o impacto da colisão.
Soloviov, 49, comandante da missão, e Foale, 40, saíram da Mir por volta das 22h de sábado (hora de Brasília), quase uma hora antes do horário previsto para o início do passeio espacial.
Ao divulgar a saída dos tripulantes, o centro espacial russo anunciou que tudo estava ocorrendo conforme havia sido planejado e que a operação poderia ser realizada em menos tempo do que o previsto.
Mas como não encontravam as perfurações externas no módulo Spektr, Soloviov e Foale permaneceram até o limite de segurança de suas reservas de oxigênio.
O terceiro tripulante da Mir, o engenheiro russo Pavel Vinogradov, permaneceu no interior da estação, de onde filmou o trabalho de seus colegas.

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