São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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A GLOBALIZAÇÃO DO REAL

Torna-se cada vez mais decisiva a questão da qualidade dos investimentos na economia brasileira.
Em princípio, investimentos diretos (ou seja, na produção) seriam preferíveis aos capitais apenas especulativos, voltados às operações em Bolsas ou a aplicações de renda fixa. O investimento direto cria empregos, afeta o "lado real" da economia, aumenta a eficiência de vários setores e, no caso do investimento direto estrangeiro, torna-se o principal elo com o processo de globalização econômica hoje em curso.
A elevação dos investimentos estrangeiros, aliás, seria também mais um fator, segundo o governo, de reforço à chamada "âncora cambial".
Pesquisas recentes, entretanto, mostram que no Brasil, mas também no mundo inteiro, predominam as fusões, aquisições e joint ventures como formas de expansão dos investimentos. Aliás, segundo especialistas, o final do século 20 está presenciando a mais fabulosa onda de fusões e aquisições de toda a história do capitalismo.
O estudo que o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) está concluindo a respeito desse tema revela, por exemplo, que os fluxos de investimento estrangeiro, que eram da ordem de US$ 115 bilhões nos anos 80, atingiram em 95 o recorde histórico de US$ 314 bilhões.
Mas, se as fusões aumentam a eficiência do sistema, nem sempre geram emprego ou capacidade produtiva nova; e, nos países em desenvolvimento, não implicam necessariamente transferência de tecnologia.
No caso do Brasil, boa parte do investimento estrangeiro tem se voltado à privatização e com foco no mercado interno, não nas exportações.
Parece evidente que a nova onda de investimento direto no Brasil não atende forçosamente aos critérios de qualidade mencionados (emprego, aumento de capacidade produtiva ou reforço às contas externas).
Um ponto, entretanto, parece indiscutível e, aliás, remete às teorias do professor FHC. O Brasil atualiza de forma acelerada a sua vocação para a globalização dependente.

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