São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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DIVIDIR PARA REINAR

Seria lamentável que atitudes da diplomacia norte-americana viessem a reavivar rivalidades entre o Brasil e a Argentina, prejudicando assim a consolidação do Mercosul.
É claro que, para os EUA, melhor seria que acordos de livre comércio ocorressem apenas na pretendida Alca (Área de Livre Comércio das Américas), sob a sua liderança. O modo pelo qual se poderia estimular um atrito entre as maiores economias da América do Sul seria cortejar a segunda delas, no caso a Argentina.
No momento em que o presidente Bill Clinton prepara sua visita à América do Sul, a estratégica aproximação norte-americana com a Argentina se intensifica, com a óbvia intenção de criar cizânia a respeito de um tema -uma vaga no Conselho de Segurança- que nem de longe é uma prioridade vital para as economias dos dois países líderes do Mercosul.
O fundamental é que o mercado comum continue entre as mais importantes iniciativas internacionais do Brasil e da Argentina. Seu sucesso econômico e fortalecimento político podem trazer grandes benefícios mútuos e permitir acumular força para negociar no cenário mundial em posição menos desvantajosa.
Tomando uma perspectiva histórica, o grande "boom" do comércio mundial no pós-guerra não ocorreu em detrimento de acordos de liberalização regional, mas junto com eles. Também no caso do Mercosul, o impressionante crescimento do comércio entre os países membros -de duas vezes e meia entre 90 e 95- deu-se no período em que Brasil e Argentina promoviam uma liberalização ampla. O intercâmbio do Mercosul com o resto do mundo cresceu 74,2% no mesmo período.
Assim como os EUA procuram defender seus interesses ao se posicionarem contra o Mercosul, é desejável que Brasil e Argentina reafirmem a união entre as nações do Cone Sul. Essa ainda é a melhor estratégia de integração em um mundo que, cada vez mais, organiza-se em grandes blocos econômicos.

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