São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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'Sérgio Motta é bom calado', reage ACM

Presidente da Câmara também critica o ministro

DA REPORTAGEM LOCAL

Os presidentes do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), reagiram ontem às críticas do ministro Sérgio Motta (Comunicações) ao Congresso.
ACM afirmou que "o ministro Sérgio Motta é bom calado. Falando, é sempre um desastre". Para Temer, as declarações do ministro são "indevidas no seu conteúdo e impróprias nos seus conceitos".
Anteontem, o ministro disse que o Congresso tem uma "relação incestuosa" com o governo, dificultando a aprovação das reformas.
"Incesto é coisa que acontece entre irmãos, é coisa que a Câmara não quer com o senhor ministro porque nossa relação não é familiar nem fraternal, é institucional e é nesse sentido que vamos conduzir a relação do Legislativo com o Executivo e com o Judiciário", disse Temer, em discurso.
ACM afirmou que a declaração "foi ofensiva" ao governo FHC, porque, "se há uma relação incestuosa, quem faz incestos é o governo e não o Congresso".
Para ACM, "Motta é um bom ministro, mas nem sempre ele fala com a razão e com a sensatez". Pela manhã, em reunião no Alvorada, ACM cobrou do presidente Fernando Henrique Cardoso uma posição sobre as críticas de Motta.
O ministro disse ainda que o governo fará as reformas no próximo mandato de FHC. Para ACM, as declarações, feitas no momento em que o Congresso vota propostas de interesse do governo, "não é nada útil ao presidente".
Temer fez questão de citar as reformas que, segundo ele, "já foram dadas ao Poder Executivo".
Motta chamou de "nojenta" a aprovação, pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, de projeto que prevê o fim do segundo turno para governadores e prefeitos e a redução do percentual de votos necessários para eleger o presidente no primeiro turno.
O ministro disse que FHC não concordava com o projeto e havia liberado os ministros para criticá-lo. ACM cobrou essa posição de FHC. "A mim, o presidente disse o contrário", afirmou ACM.
Na Câmara, o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), disse que esperava que o ministro "ficasse calado por mais tempo em vez de fazer esse ataque extemporâneo".
O líder do PSDB, Aécio Neves (MG), não vê motivos para nova crise. Há dois meses, Motta criticou os aliados e provocou o pedido de demissão (não aceito) do líder do governo, deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Para o governador Mário Covas, Motta tem direito de falar sobre política. "A maioria dos ministros fala e fala sobre política. Não vejo por que o ministro, que é membro de um partido, seja proibido."

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