São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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Brasil descarta aliança militar com EUA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil não pretende se tornar aliado militar preferencial dos Estados Unidos, como pleiteou a Argentina, informou ontem o Ministério das Relações Exteriores.
O governo brasileiro considera que a eventual escolha como aliado preferencial dos EUA teria poucos efeitos práticos.
A pouco mais de um mês da visita do presidente Bill Clinton ao Brasil, o subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, Jeffrey Davidow, disse que o Brasil poderia receber o título, caso tivesse interesse.
Segundo o Itamaraty, o país não reivindica o "status" de aliado estratégico. O ministério reiterou ontem os termos do discurso feito em 28 de agosto pelo chanceler Luiz Felipe Lampreia na Câmara dos Deputados.
Na ocasião, Lampreia afirmou: "O Brasil não pleiteia para si o mesmo status".
O chanceler insistiu em que a aliança militar entre EUA e Argentina "não traz mal-estar" para o governo brasileiro.
Esforço argentino
Tal aliança, destacou o ministro, irá "apenas coroar um grande esforço" da Argentina para recompor suas relações com os EUA, que, ainda segundo o ministro, "carecem historicamente da solidez e da relativa harmonia" da relação do Brasil com os EUA.
Até ontem, o governo brasileiro não havia sido informado oficialmente sobre a disposição dos EUA de conceder ao Brasil o título de aliado preferencial fora da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a aliança militar ocidental liderada pelos norte-americanos.
Segundo o porta-voz do Itamaraty, Sérgio Danese, houve apenas uma "menção" anterior ao tema. "Se eles oferecerem, vamos analisar", disse.
A facilidade para a compra de material militar é apontada como a principal vantagem concedida pelos EUA aos aliados preferenciais. Mas se trata principalmente de material excedente da Otan.
O próprio presidente Fernando Henrique Cardoso tratou do assunto na véspera do último encontro com o presidente argentino Carlos Menem.
FHC disse que o Brasil não tem interesse em comprar armamento dos EUA e que o título de parceiro militar tem efeito meramente "simbólico".
"Contra quem?"
"Aliado militar contra quem?", questionou o presidente, que vem descartando a possibilidade de uma corrida armamentista no continente.
Apenas cinco países são considerados pelos americanos aliados preferenciais: Israel, Jordânia, Egito, Japão e Coréia do Sul.
Foi depois de saber que a Argentina receberia esse status dos EUA que o presidente Menem criticou a pretensão do governo brasileiro de obter uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

LEIA MAIS sobre as relações entre Brasil e Argentina à pág. 2-5

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