São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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Alencar propõe reforma da polícia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Rio de Janeiro, Marcello Alencar (PSDB), propôs ontem a taxação do sistema financeiro como forma de arrecadar recursos para as polícias estaduais.
Segundo o governador, o Estado gasta muito mais na proteção dos bancos do que no policiamento das periferias das grandes cidades.
"Por que não fazer incidir (impostos) sobre certas áreas que são mais beneficiadas? O sistema financeiro deveria ter sua cota de participação, pagando pelo serviço que recebe", afirmou.
A proposta foi feita em depoimento à comissão especial da Câmara que analisa propostas de reforma da segurança pública.
Além de Alencar, participaram do debate os governadores Cristovam Buarque (DF), Mário Covas (SP) e Manoel Gomes de Barros (AL).
Os demais governadores também defenderam a constituição de um fundo para o setor.
"O fundo é necessário para modernizar e equipar as polícias", disse Covas. Segundo ele, em São Paulo está sendo discutida a criação de uma fundação, com a participação da iniciativa privada, para financiar a segurança pública.
A deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP), relatora da comissão, disse que é "questão fechada" na comissão a criação de um fundo para equipar as polícias, mas ressaltou que a proposta de taxação do sistema financeiro não é consensual.
"É apenas uma das propostas. Há outros parlamentares que defendem a destinação de verbas de multas e do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores)", afirmou.
Educação
Buarque sugeriu mudanças no sistema de administração dos presídios.
"Os presídios deveriam ser comandados por profissionais da área da educação. É a única forma de construir um verdadeiro sistema de recuperação penal", afirmou.
A proposta entusiasmou a relatora. "Achei a idéia genial. Quem deveria cuidar de preso é sociólogo, é antropólogo."
O quatro governadores apresentaram a mesma sugestão -a unificação do comando das polícias-, mas se dividiram quanto a retirar da Constituição a organização das polícias, dando autonomia para os estados definirem estruturas próprias.
Cristovam e Barros são contra a chamada desconstitucionalização das polícias, enquanto Covas e Alencar são favoráveis.
"Não posso conceber que a 40 km do Distrito federal tenha uma polícia totalmente diferente", afirmou Cristovam.
"Os Estados devem ter a competência para adequar as suas polícias à realidade regional. Até o tipo de crime é diferente, conforme a região", disse Alencar.
Cristovam defendeu o direito à sindicalização, mas apresentou restrições à possibilidade de os policiais fazerem greve.
"Não posso tolerar greve de pessoas armadas. Com pessoas armadas, eu não negocio. Eu me suicido, eu enfrento ou eu me rendo", disse.

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