São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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Réu depõe e diz não ter visto Rainha em invasão

FERNANDA DA ESCÓSSIA

FERNANDA DA ESCÓSSIA; PAULO HENRIQUE BRAGA
DA SUCURSAL DO RIO

O agricultor Miguel Rodrigues Fonseca disse ontem que o líder do MST José Rainha Júnior não participou, em 1989, da invasão de uma fazenda que resultou nas mortes do fazendeiro José Machado Neto e do PM Sérgio Narciso, em Pedro Canário (ES).
Fonseca é indiciado como réu no mesmo processo no qual Rainha foi condenado, em junho, a 26 anos e seis meses de prisão como co-autor dos dois assassinatos.
Ontem, Fonseca se apresentou ao juiz de Pedro Canário (a 270 km de Vitória), Sebastião Mattos Mozine. Ele prestou depoimento na presença de advogados e foi preso.
Segundo Mozine, Fonseca disse que não viu Rainha nem antes nem depois da invasão.
Novo julgamento
Rainha terá direito a um novo julgamento, marcado para a próxima terça-feira, dia 16. Sua defesa tenta transferir o local do julgamento de Pedro Canário para Vitória (ES). A decisão deve sair hoje.
A votação sobre a mudança de local começou na semana passada na 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. O relator, desembargador William Silva, votou a favor.
O segundo desembargador, Raimundo Siqueira, pediu para examinar o processo e apresentará o voto hoje. Se ele for contra a mudança, e o terceiro desembargador também pedir para examinar o processo, o caso não se decide hoje, mesmo com o julgamento marcado para terça-feira que vem.
"Se essa decisão não sair, entraremos com um pedido de liminar pedindo o adiamento do julgamento. Rainha não pode ser julgado sem que se vote o desaforamento, seria um cerceamento de defesa", afirmou Aton Fon Filho, um dos advogados de Rainha.
O juiz Sebastião Mattos Mozine disse que, "por prudência", também pedirá o adiamento do julgamento, caso não se encerre hoje a votação na 1ª Câmara Criminal.
A promotora Sueli Lima e Silva pediu ao juiz Mozine a antecipação do depoimento de José Jorge Guimarães, o Zé do Coco, testemunha de acusação que diz ter visto Rainha no local do crime.
Guimarães não foi ao primeiro julgamento e afirma estar sofrendo ameaças para não depor.
Campanha
O PT lançou ontem, em São Paulo, a campanha "Rainha é inocente. Crime é não fazer a reforma agrária", com o objetivo de pressionar a Justiça pela absolvição de José Rainha Jr..
A intenção do partido é promover manifestações em defesa de Rainha e levar militantes e parlamentares ao segundo julgamento do líder dos sem-terra.
Em Londres, um grupo de apoio ao MST entregou ontem uma carta na embaixada brasileira condenando o fato de a Justiça ainda não ter tomado decisão sobre a transferência do julgamento de Rainha.
O grupo também fez um protesto em frente ao prédio, com cerca de 30 pessoas.

Colaboraram a Reportagem Local e Paulo Henrique Braga, de Londres

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