São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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'Top ten' da violência inclui bairros nobres

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O eixo Santo Amaro-Perdizes inclui os bairros de São Paulo onde incidem, com mais frequência, os crimes que atingem diretamente a classe média da cidade.
Levantamento feito pela Folha com base em dados da Secretaria da Segurança Pública mostra que o 11º DP (Santo Amaro), o 15º DP (Itaim Bibi), o 16º DP (Vila Clementino) e o 23º DP (Perdizes) são os distritos policiais que aparecem mais vezes entre as dez delegacias da cidade onde são registrados o maior número de furtos, de roubos, de furto e roubo de veículos e de roubo a bancos.
Bairros vizinhos a essas regiões não ficam imunes a essa violência: Vila Mariana, Moema, Morumbi, Vila Olímpia, Brooklin e Granja Julieta, entre outros.
No entanto, esses dados não refletem a realidade das ocorrências nessas regiões, que, como outros locais da cidade, registram uma baixa notificação da violência.
Violência oculta
Pesquisa realizada em 1992 no Rio -cujo perfil da violência não difere muito do de São Paulo- pelo Unicri, o instituto de pesquisas criminais das Nações Unidas, revelou que, somente no caso de roubos, 79,8% das ocorrências não são comunicados à polícia. Já os furtos de veículos são comunicados por 92,6% das vítimas.
Esses crimes costumam envolver vítimas da classe média. Nessas regiões, as mulheres estão sujeitas a ter suas bolsas roubadas nas ruas, os motoristas, parados em semáforos, podem ser abordados por assaltantes, que costumam levar relógios e jóias, e os casos de roubo de veículos nesses bairros são os mais altos da cidade.
Quem consegue escapar de ser vítima de algum desses crimes ainda tem a chance de presenciar um assalto a banco, que acontece em maior número exatamente nesse eixo (veja quadro abaixo).
Além do eixo Santo Amaro-Perdizes, a região central, representada pelos 1º e 3º DPs, também se destaca no ranking das regiões com maior incidência de assaltos, com exceção do furto e roubo de veículos.
Delegacias
Os DPs das regiões de classe média da cidade que despontam no ranking dos locais com maior número de ocorrências (11º, 15º, 16º e 23º) registraram, por exemplo, 1.433 roubos, de abril a junho deste ano. Nesse mesmo período, as delegacias recordistas de casos de roubo na região central (1º e 3º DPs) somaram 940 casos.
O eixo Santo Amaro-Perdizes também concentrou o maior número de casos de furtos no segundo trimestre deste ano: 2.114, contra 1.980, da região central.
Nesse mesmo período, 2.453 carros foram roubados em Santo Amaro, no Itaim Bibi, na Vila Clementino e em Perdizes. A região central não registrou esse tipo de ocorrência.
Assalto a banco
Correntistas da região sudoeste da cidade, que inclui a maioria dos bairros do eixo Santo Amaro-Perdizes, ficaram sujeitos a 52 assaltos a bancos. No centro ocorreram 13 roubos de agências bancárias.
"A condição social das pessoas que circulam nessas regiões estimula esses determinados tipos de crimes", disse o chefe do Estado-Maior do Comando de Policiamento Metropolitano, coronel Roberto Lemes da Silva.
Em junho de 97, o 11º DP foi o segundo colocado no número registrado de roubos: 166. O campeão foi o 1º DP, com 175 casos.

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