São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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Missão Mars é exemplo de ciência inteligente

BILL GATES

Pergunta - O que o senhor acha da missão Mars Pathfinder em Marte? Gio, Siena, Itália (carli@unisi.it) Resposta - Sou um grande fã da missão Mars Pathfinder por, pelo menos, três razões.
Em primeiro lugar, a missão é um belo exemplo de "small science" (ciência feita com poucos recursos), e "small science" é ciência inteligente.
O programa foi empreendido com um orçamento restrito, tem objetivos limitados e possíveis de ser atingidos.
A sonda foi enviada até Marte por mais ou menos a metade do preço das missões anteriores. Isso é algo que eu admiro.
Em segundo lugar, as informações e fotos produzidas pela missão são compartilhadas na Internet, onde todos têm igual acesso a elas e podem estudá-las tão a fundo quanto quiserem. Esse acesso imediato à informação gera um senso de ligação entre as pessoas e o programa espacial a Marte.
Em terceiro lugar, a missão Pathfinder promove a curiosidade científica, especialmente entre crianças.
Quando eu era criança, a ciência era muito interessante devido àquelas fotos todas da lua, que eram publicadas. Podíamos aprender sobre oxigênio líquido e velocidade de fuga (velocidade limite para sair da órbita da Terra).
Hoje em dia, a maior parte do programa espacial virou tão comum e corriqueira que não provoca a mesma sede de conhecimento que inspirava antigamente.
Mas a Mars Pathfinder é uma aventura espacial nova, instigante e em tempo real, e vai continuar despertando o interesse das pessoas por um bom tempo ainda.

Pergunta - Passamos da era industrial para a era da informática, e acho que estamos nos dirigindo para a era espacial. Qual é, em sua opinião, seu papel no avanço da tecnologia para a exploração do espaço e a colonização de Marte? Andrew Herb (Andrewh@ kfalls. sykes.com)
Resposta - A humanidade vai fazer algumas grandes coisas no espaço nos próximos cem anos e isso nos trará benefícios enormes, mas acho que o que acontece no espaço não vai modificar fundamentalmente o nosso modo de vida. Assim, acho que não se pode comparar em pé de igualdade a era espacial à era industrial ou à era da informática.
No momento, minha empresa não tem pretensões de fazer nada no espaço, embora, sem dúvida, os softwares terão um papel crescente na exploração espacial.
Enviar pessoas ao espaço é caro e arriscado, porque os seres humanos são grandes, frágeis e requerem um ambiente muito específico para sobreviver. É mais eficiente enviar máquinas coletoras de informações, como a sonda Pathfinder, do que enviar pessoas. Além disso, é mais seguro.
A razão pela qual os problemas que acometem a estação espacial Mir chamam tanto a atenção das pessoas é que há pessoas a bordo da nave, pessoas que correm risco de vida.
Quando o computador da Mir entra em pane, ninguém fica preocupado com o computador em si, mas com as pessoas que dependem dele para sobreviver.
O filme "Apollo 13" mostrou o drama inerente às pessoas que enfrentam um perigo, estando muito longe de casa. Acho que, no futuro, veremos menos desses dramas espaciais na vida real, à medida que máquinas -guiadas por softwares- desempenhem um papel cada vez maior na exploração do espaço.

Pergunta - Em que momento a Microsoft vai parar de criar aplicativos para computadores Macintosh? (David.Himawan @tsl.state.tx.us) Resposta - Acabamos de assinar um acordo para continuar a desenvolver nossos aplicativos "Office" para Macintosh até o próximo século, e a próxima versão desses aplicativos será a mais significativa que jamais fizemos. Estamos investindo na plataforma e torcendo para que dê certo.
A Microsoft e a Apple têm um relacionamento que vem de longa data. Temos 8 milhões de clientes comuns.
Steve Jobs, que está dirigindo a Apple outra vez, pelo menos por enquanto, é um velho amigo -se bem que as negociações entre nossas duas empresas já estavam em andamento muito antes de seu retorno à companhia.
Esse acordo apresenta vários benefícios. Vai aumentar a cooperação entre nossas empresas, embora continuemos sendo concorrentes. Vai ajudar a promover a versão Mac de nossos programas de navegação na Internet.
A troca de licenciamento de patentes, incluída no acordo, vai permitir que trabalhemos juntos sobre questões técnicas, sem nos preocupar com disputas sobre a propriedade de tecnologias patenteadas.
Não havia patente específica que nos interessasse muito, mas é bastante comum empresas de tecnologia concederem patentes umas às outras.
O investimento de US$ 150 milhões que fizemos na Apple constitui um sinal concreto do nosso compromisso com a plataforma Macintosh e com nossos clientes Mac.

Pergunta - Como o senhor administra seu tempo? Hrvoje Blazekovic, Croácia (hrvoje. blazekovic@kc.tel.hr)
Resposta - O tempo é o recurso mais escasso para mim, e é como tal que eu o trato.
Conto com um assistente muito eficiente, mas também tenho minha agenda on line e sigo um cronograma muito claro, que prevê como devo utilizar meu tempo.
Passo metade do tempo com os grupos de produtos de minha empresa e um quarto do meu tempo com clientes.
Sempre revejo como passei meu tempo. Olho para trás e penso: "Será que há coisas que eu deveria ter feito e não fiz?"
Peço a meu amigo e colega Steve Ballmer que examine minha programação e faça sugestões sobre formas de fazer uso mais eficiente do tempo.

Tradução de Clara Allain.

Cartas para Bill Gates, datilografadas em inglês, devem ser enviadas à Folha, caderno Informática -al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, CEP 01202-900, São Paulo-SP, ou pelo fax (011) 223-1644.
E-mail:±askbill@microsoft.com

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