São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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Justiça dos EUA condena mãe 'viciada' em Internet

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Uma mulher de Ohio, Meio-Oeste dos EUA, foi condenada a dois anos de prisão com direito a liberdade condicional imediata por ser "viciada em Internet" e ter deixado de cuidar de seus três filhos.
O juiz William Mallory, da cidade de Cincinnati, disse que vai colocar Sandra Hacker, 24, na cadeia se ela deixar de comparecer a aulas semanais de educação para pais ou se assistentes sociais nomeados por ele constatarem que seus filhos voltaram a receber maus-tratos.
Hacker está se divorciando do marido, pai das crianças (de 5, 3 e 2 anos). Ele reivindica a guarda dos filhos sob o argumento de que a mãe só se preocupa com suas amizades virtuais. O juiz Mallory disse que Hacker deixava as crianças trancadas em seu quarto por horas para conversar no computador.
A Associação Americana de Psicologia estuda a possibilidade de classificar o excessivo uso da Internet como doença. Kimberley Young, professora da Universidade de Pittsburgh, apresentou estudo à última convenção anual da entidade em que afirma: "As pessoas podem se tornar dependentes da Internet de maneira similar às que se viciam em drogas, álcool e jogo; perdem o controle sobre sua habilidade de limitar o tempo que passam on-line na Internet".
Young relata no trabalho o caso de uma mulher que não conseguia pagar suas contas pelo uso de Internet e que, pressionada pelo marido a escolher entre ele e o computador, preferiu o mundo virtual.
Ela entrevistou cerca de 500 usuários "pesados" da Internet e concluiu: o viciado gasta mais de cinco horas por dia on-line, em geral tem entre 30 e 40 anos, fica em casa, pode ser homem ou mulher.
O psiquiatra Ivan Goldberg, de Nova York, define um viciado em Internet como a pessoa que precisa passar cada vez mais tempo on-line para atingir um certo nível de satisfação pessoal, fica ansiosa quando não está conectada, abandona atividades interpessoais que lhe davam prazer, tem insônia e enfrenta crises conjugais.
Cerca de 32 milhões de residências (de um total de 96 milhões) nos EUA estão equipadas com computador e modem. Calcula-se que 40 milhões de pessoas usem a Internet regularmente no país.
Dessas, 45% têm mais de 40 anos de idade, 32% estão entre 18 e 29 anos, 59% são homens, 41% têm educação superior completa, 42% têm renda anual superior a US$ 50 mil. A maioria absoluta das pessoas (89%) diz usar a Internet por causa do correio eletrônico.

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