São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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Distração é doença

GILBERTO DIMENSTEIN

Demolidora de carreiras, a distração excessiva é uma doença mais grave do que depressão ou abuso de drogas.
Por desinformação, a maioria das vítimas não se submete a tratamento médico. São incapazes de parar quietas e se concentrar, esquecem compromissos, provocam acidentes e têm extrema dificuldade em concluir tarefas.
Depois de constatarem que o déficit de atenção tem proporções epidêmicas entre os adultos, associações de psiquiatria americana resolveram educar as pessoas para que procurem ajuda profissional -antes que suas perspectivas profissionais estejam acabadas.
Psiquiatras brasileiros informam que a ignorância sobre a doença é ainda mais devastadora no Brasil.
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Até muito recentemente, imaginava-se que o déficit de atenção era exclusivo de crianças, pavor das professoras e eterna dor de cabeça dos pais, diante daqueles seres incontrolavelmente agitados e dispersivos -aqui, cerca de 1,5 milhão de estudantes tomam regularmente remédios para se manter concentrados em sala de aula.
Relatórios recém-lançados por associações de psiquiatria americana indicam que a doença deve atingir até 9,5 milhões de adultos. Nem 10% são tratados.
Vivem com o estigma de alunos relapsos ou profissionais incompetentes. Pulam de emprego em emprego, de escola em escola.
Pais só vieram a descobrir que tinham a doença porque foi detectada no filho pelos professores. Imaginavam que tinham só uma deficiência na personalidade, não mental.
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Apesar de detectada no começo do século, ninguém sabe exatamente como o cérebro produz a doença.
A combinação de terapia com remédios tem, segundo as associações de psiquiatria, gerado ótimos resultados.
Empresas já reconhecem a gravidade do déficit de atenção, pagando o seguro-saúde para tratamento de seus empregados.
Professoras são ensinadas na faculdade como detectar nos alunos os distúrbios, desenvolvendo uma abordagem diferenciada -e também com ótimos resultados.
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PS - Foi produzido por educadores e psicólogos americanos um detalhado guia sobre como se deve cuidar estudantes com déficit de atenção. Eles relatam experiências bem-sucedidas nas escolas. Coloquei o texto em inglês no endereço: www.aprendiz.com.br/

E-mail: gdimen@aol.com

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