São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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Sodoma é logo ali

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - No princípio, era a sauna. O ministro Sérgio Motta (Comunicações) revelou aos brasileiros que só se dispunha a fazer negócios (no bom sentido, claro) com membros da base parlamentar governista se fosse na sauna.
Só pelado, portanto, o que induzia a crer que precisava defender a carteira dos aliados.
Agora, Sérgio Motta acaba de gravar mais um capítulo da divertida novela dos costumes políticos brasileiros: é aquele em que revela o que praticam ministros e parlamentares governistas na sauna. Não são negócios (no bom sentido, claro), mas "relações incestuosas".
O "Aurélio" ensina que incesto significa "relações sexuais ilícitas", mas, atenção, "entre parentes consanguíneos, afins ou adotivos".
Portanto, se o ministro quis atingir apenas o Congresso ou alguns congressistas, usou a palavra errada. Se há incesto, é necessariamente entre "parentes consanguíneos, afins ou adotivos", o que nivela o governo aos congressistas.
Ainda bem que o ministro fez questão de explicar que o que se faz na sauna ou nas relações incestuosas "não é corrupção". É apenas "uma negociação permanente".
É um alívio saber disso, até porque Serjão deixou claro que "controlamos" (sujeito oculto é sempre um perigo) "95% do PIB (Produto Interno Bruto) do país". Por bem menos Fidel Castro apareceu na lista dos homens mais ricos do mundo, elaborada pela revista norte-americana "Forbes".
Depois da sauna e do incesto, temo que a próxima revelação do ministro não possa ser publicada pela mídia dita de qualidade no Brasil. Só os tablóides ingleses terão coragem de usar o qualificativo seguinte, assim mesmo depois de passada a fase de contenção que se auto-impuseram.
E ainda tem gente que acha que estou brincando quando digo que o único cronista político sério no Brasil de hoje chama-se José Simão.

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