São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 1997
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Homem de confiança de Maluf é processado

IGOR GIELOW
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos principais homens de confiança do malufismo, Edevaldo Alves da Silva, está sendo processado na Justiça sob acusação de improbidade administrativa por ter aprovado uma contratação considerada ilegal na Prefeitura de São Paulo.
Caso seja condenado, pode perder o cargo de secretário de Governo paulistano e pagar uma multa ainda não definida.
Silva foi secretário na gestão Paulo Maluf (PPB, 1993-96) e continuou no cargo quando Celso Pitta (PPB) assumiu este ano.
É o principal conselheiro de Maluf e Pitta, tendo suplantado o empresário Calim Eid na função. Advogado de renome, assessorou ambos em depoimentos no caso dos precatórios e no Frangogate.
A ação contra Silva corre desde julho na 4ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, tendo sido impetrada pela Promotoria de Justiça e Cidadania da Capital.
História
Ela se refere a Ricardo Acras, um analista de sistemas que foi contratado de forma irregular, segundo o Ministério Público, na Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município).
Em 18 de janeiro de 1995, ele foi demitido da empresa porque não comparecia ao trabalho. "Foi perseguição política porque eu tinha sido ligado ao PT. Primeiro, demitiram minha mulher, Renata. Depois, eu. Resolvi me vingar", afirma Acras.
Na Prodam desde 24 de agosto de 1988, Acras foi presidente da comissão de funcionários. Foi denunciado em 1994 ao Ministério Público, na investigação que desembocou na ação atual.
Sua "vingança", segundo diz, começou quando trabalhava na unidade da rua Pedro de Toledo (Vila Mariana, zona sudoeste de São Paulo). "Peguei umas listas de funcionários contratados irregularmente na Prodam antes de elas serem destruídas", afirma.
Com as listas nas mãos, Acras diz que chantageou o então presidente da Prodam, Vicente Azevedo Sampaio. "Ele acabou recontratando minha mulher, mas ela acabou saindo. Depois me recontratou. Mas sou réu confesso, sei que errei", afirma.
Ilegalidade
Segundo a promotora Elaine Maria Barreira Garcia, Acras é culpado porque sabia da ilegalidade de sua contratação por falta de concurso público e colocação em um cargo temporário, a título de urgência, indefinidamente.
Acras foi recontratado sem concurso em 1º de setembro de 1995. A justificativa de sua contratação foi um pedido externo, do TCM (Tribunal de Contas do Município), requisitando um funcionário.
Segundo o processo, o documento apresentava adulterações na data de emissão. "Isso porque eu pedi para ir para o Tribunal de Contas, onde minha mãe trabalhava", afirmou Acras, que ainda não apresentou sua versão à Justiça.
A contratação ocorreu a pedido de Francisco Gimenez, então presidente do TCM. Ela foi aprovada pelo secretário de Governo, Edevaldo Alves da Silva.
Por fim, em 14 de maio do ano passado, Acras foi demitido novamente -após ter sido descomissionado do TCM. O processo chegou à Justiça da Fazenda Pública em 21 de julho deste ano.
Já foram citados no processo os réus Silva, Gimenez e Sampaio. A citação de Ricardo Acras ocorreu na segunda-feira, o que significa que todos têm cerca de 15 dias para apresentar sua defesa no caso.
Todos estão sujeitos às mesmas penas: perda de função e poder de contratar serviço público, além de pagamento de uma multa a ser definida -se forem condenados.

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