São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 1997
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Motocicleta é arma para o crime em SP

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

O paulistano mal pode imaginar, mas os congestionamentos que cada vez mais o torturam dentro do carro também contribuem para diminuir sua segurança. O uso cada vez maior de motos para vencer o trânsito difícil é o disfarce perfeito para assaltantes motoqueiros.
A Secretaria da Segurança não tem estatísticas específicas sobre o número de assaltos praticados com a ajuda de motocicletas, mas a impressão de policiais e comerciantes é que a moto está se tornando mais uma arma para o crime em São Paulo.
Levantamento realizado pela Folha no 16º Distrito Policial, que cobre a área da Vila Mariana (zona sudoeste), constatou que quase um sexto dos roubos consumados na região nos primeiros nove dias de setembro foram praticados com o uso de motos.
"Esse tipo de assalto não é novo, mas está ficando mais frequente", afirma João Batista Angelo, gerente do Posto Jurucê, em Moema (zona sudoeste), que esta semana foi assaltado duas vezes pela mesma dupla de motoqueiros (leia texto ao lado).
"O grande número de motos circulando dificulta a identificação e o trânsito pesado facilita a fuga", avalia o delegado Naief Saad Neto, titular do 27º Distrito Policial.
"Há incidência maior desses assaltos em áreas em que o trânsito de motoqueiros é maior."
Além da facilidade para a fuga, o uso da moto acena com outras vantagens para os ladrões, como a possibilidade de usar capacete -e assim tornar a identificação pessoal difícil- sem provocar qualquer suspeita.
Após o assalto, o mais comum é a vítima dizer que não tem como descrever o rosto dos ladrões, porque estavam usando a proteção para a cabeça, que é uma exigência das leis de trânsito.
A descrição do veículo também é mais complicada quando se trata de motos. Os modelos são parecidos e a área de lataria, em que se pode ver a cor, é muito menor que a dos carros, por exemplo.
O administrador regional da Vila Mariana, José Carlos Garcia, vítima de assalto por motoqueiros na sexta-feira passada, ao procurar a polícia só conseguiu definir que a Honda CB 400 usada tinha "cor escura, possivelmente marrom".
As placas costumam ser dobradas ou retiradas no momento do roubo. As formas de assalto com motocicleta também têm se diversificado. Ao lado do já tradicional roubo de outra moto -em que o ladrão da garupa foge com o veículo depois de render seu dono-, aparece hoje o roubo de automóveis.
"Estranhei quando o ladrão que dirigia a moto pediu que eu deixasse o carro, mas depois vi que o da garupa já estava pronto para entrar", conta André Martins da Silva, que escapou de ter sua camionete roubada, mas ficou sem a carteira (leia depoimentos abaixo).
O ladrão motoqueiro hoje ataca pedestres e casas comerciais, como postos de gasolina. Sem precisar desmontar ou desligar a moto.

LEIA MAIS sobre polícia na pág. 3-10

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