São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997
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Empregados do pai podem ter colaborado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A polícia de Brasília suspeita que empregados da casa de Luiz Estevão tenham colaborado com os sequestradores da filha do empresário, Cleucy Meireles de Oliveira.
Para os investigadores que atuam no caso, o mais provável é que o sequestro tenha sido planejado por uma pessoa que tinha conhecimento dos hábitos e horários da família de Cleucy.
A ação aconteceu quando a menina chegava à escola em que estuda, por volta de 7h50, de carro, acompanhada pelo motorista.
"O líder dos sequestradores dizia, nos contatos telefônicos, que tinha informações que eram repassadas de dentro da casa do deputado Luiz Estevão. Vamos ter de confirmar se isso de fato aconteceu", afirmou Rodrigues.
Carros da PM
A polícia também investiga se os sequestradores utilizaram carros da Polícia Militar para transportar Cleucy até os telefones públicos utilizados para fazer os contatos com a família.
Para os investigadores, seria difícil para os sequestradores terem usado seus próprios carros (um Kadett preto e um Gol prateado), já que eles tinham sido vistos durante o sequestro.
Outra suspeita é que a namorada de Osmarinho Cardoso da Silva Filho, apontado como o líder dos sequestradores, esteja envolvida no sequestro. A Polícia se negou a divulgar o nome dela. Acredita-se que ela tenha dado apoio logístico ao grupo. "É possível que apareça mais alguém", disse o diretor-geral da Polícia Civil.
Investigação
A investigação que desbaratou a quadrilha de sequestradores utilizou fotografias tiradas pelas câmeras ocultas que controlam a velocidade dos veículos, conhecidas como "pardais".
O combate aos "pardais" é uma das principais bandeiras do deputado Luiz Estevão (PMDB), principal opositor do governador Cristovam Buarque (PT).
Os radares chegaram a ser desligados duas vezes por determinação judicial, em ações incentivadas pelo deputado.
Segundo Teodoro Rodrigues, as fotos tiradas pelos "pardais" serviram para excluir vários veículos suspeitos e para limitar as possibilidades do local do cativeiro.
Nos primeiros momentos, sabia-se que os sequestradores estavam utilizando um Kadett preto e um Gol prateado. Com as fotos, foi possível verificar vários modelos como esses.
Nenhum dos veículos fotografados por excesso de velocidade era dos sequestradores -inclusive nas saídas do Distrito Federal.
Ao analisar esse fato, o Grupo de Repressão a Sequestros concluiu que os sequestradores ainda estavam no Distrito Federal.
A Polícia Civil não desprezou nem sequer as videntes que procuravam Luiz Estevão contando as "visões" que teriam tido da menina no cativeiro.

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