São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997
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Resgate foi feito sem consulta à família

LUCAS FIGUEIREDO
RICARDO AMORIM

LUCAS FIGUEIREDO; RICARDO AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Polícia afirma que sequestradores são amadores e poderiam matar a estudante a qualquer momento

A estudante Cleucy Meireles de Oliveira correu risco de ser morta durante a operação de resgate. A afirmação foi feita pelo diretor-geral da Polícia Civil, Teodoro Rodrigues, que comandou a ação.
"Pode ser que tenha havido alto risco, mas não havia outra forma", disse Rodrigues, que autorizou a operação de resgate sem consultar o pai da menina, Luiz Estevão.
Para o diretor-geral da Polícia Civil, a decisão de correr o risco foi tomada porque haviam indícios de que Cleucy poderia ser morta a qualquer momento.
Os sequestradores agiam de forma amadora, inclusive deixando-se ver pela estudante, afirma Rodrigues.
"Há um momento em que a técnica impera. Chegou esse momento. Eu assumi o risco."
Segundo ele, "Luiz Estevão só soube quando estava terminado".
Rodrigues disse que, depois de tomada a decisão de "estourar" o cativeiro, o deputado recebeu um telefonema informando que dois sequestradores haviam sido presos logo depois de conversarem por 52 minutos, em um telefone público da 115 Sul, com família.
Ação rápida
A polícia chegou ao cativeiro depois de prender dois sequestradores -o primeiro-tenente da PM Osmarinho Cardoso da Silva Filho e Cleuzimar Alves de Andrade- quando eles terminaram uma ligação para a família de Cleucy por feita em um telefone público.
No carro usado pela dupla, foram encontrados um papel com dois endereços e o contrato de aluguel do lava-a-jato usado como cativeiro. Imediatamente, agentes do GRS (Grupo de Repressão a Sequestros) cercaram os três locais.
No lava-a-jato, um agente rastejou até a porta e viu, pela fresta, a menina sentada em um colchão.
O único sequestrador que estava no cativeiro, Claudione Alves de Faria, percebeu a movimentação de policiais e começou a atirar.
Um dos tiros atravessou a parede do lava-a-jato e atingiu o braço direito do agente Marcelo Toledo.
Imediatamente, seis agentes entraram no cativeiro. Um deles resgatou a estudante, que estava em outro cômodo, enquanto os outro cinco entraram atirando no quarto onde estava o sequestrador, que morreu com um tiro na testa.
Armas
No local foram encontradas, além da pistola ponto 40 usada por Claudione, duas pistolas 9 mm, uma pistola 765 e um fuzil 30.06 de longo alcance, equipado com mira telescópica.
Dois radiotransmissores de alta potência também foram encontrados no cativeiro.
A ação dos policiais não durou mais que dois minutos e envolveu 12 homens, todos treinados no FBI (polícia federal norte-americano).

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