São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997
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Motoboy confessa outros dois assassinatos

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O motoboy Silvio da Costa Batista, 26, acusado pelo sequestro e morte do estudante Ives Yoshiaki Ota, 8, admitiu ontem ter participado de outros dois assassinatos.
Batista foi preso na sexta-feira da semana passada, na Vila Carrão (zona sudeste de São Paulo), quando telefonava para a família de Ives. O corpo do garoto foi encontrado três dias depois, enterrado na casa do motoboy. Ele confessa ter participado do sequestro, mas nega ter matado o garoto.
Por um dos crimes, ocorrido em 11 de outubro de 95, em Sapopemba (zona leste), Batista foi indiciado ontem, por policiais da Delegacia Seccional de São Mateus.
O outro aconteceu dois meses depois, em São Mateus (zona leste). Policiais da Delegacia de Homicídios devem indiciá-lo hoje.
O delegado Celso Marchior, da delegacia seccional, afirmou que, na época do crime em Sapopemba, conseguiu uma foto do suposto assassino. Ao ver a imagem de Batista na TV, ele o achou parecido com o homem que procurava.
Segundo Marchior, em 1995, Batista usava o nome falso de Adelino Donizetti Esteves. Com esse nome, ele também era procurado pelo assassinato em São Mateus.
"Ele confessou que usava esse nome e admitiu sua participação no crime", afirmou. O motivo dos dois crimes teria sido dívidas.
Transferência
Batista foi transferido ontem da carceragem do Depatri para o Centro de Observação Criminológica (COC), no Carandiru.
No Depatri, ele foi violentado sexualmente e espancado duas vezes por outros presos. Nas duas vezes, ele precisou ser levado ao hospital.
Segundo o delegado Paulo Fortunato, titular do Diprocom (Divisão de Proteção Comunitária), a medida visa preservar a vida do motoboy, que é ameaçado de morte por outros presos por ter cometido crime contra criança.
No COC, prisão de segurança máxima, ele ficará em uma cela individual e terá tratamento médico.
Antes de ser transferido, Batista passou a última noite isolado no parlatório do Depatri, onde levou um último "susto". Um preso, que esperava na porta do parlatório para falar com o advogado, ameaçou matá-lo quando entrasse. Batista chamou o carcereiro, que achou um estilete com o preso.
Depoimento
A Delegacia Especializada Anti-Sequestro ouviu anteontem as mulheres dos PMs Paulo Eduardo Dantas e Sergio Pereira de Souza. As duas afirmaram que os maridos são inocentes.
A mulher de Dantas, Rose, afirmou que esteve viajando nas últimas duas semanas. Quando chegou, ele já estava preso. Já a mulher de Souza, Wilma, disse que seu marido é "uma pessoa boa".

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