São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997
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Grafia era diferente mesmo!

PASQUALE CIPRO NETO
ESPECIAL PARA A FOLHINHA

Será que você já leu algum texto escrito há muito tempo, algo como um jornal de 1935? Seu avô já lhe disse alguma vez que no tempo dele a grafia era diferente?
As pessoas mais velhas têm uma certa dificuldade para escrever porque na década de 40 houve uma profunda mudança na maneira de grafar as palavras da língua portuguesa.
Os adjetivos que indicam nacionalidade, como francês, inglês, eram escritos com z, e sem acento: francez, inglez. Isso talvez explique por que hoje se vêem restaurantes que servem "comida chineza".
O plural de palavras terminadas em al, como jornal, especial, era feito com a terminação aes: jornaes, especiaes. Isso hoje se escreve com i (jornais, especiais). Houve aproximação da grafia com o som.
Um fato interessante era o emprego das consoantes duplas, como elle, collocar, apparelho. As seqüências mn, ct e cç também existiam, em palavras como omnibus, activo e funcção.
Quer mais? O ph, presente em palavras como telephone, pharmacia. Como se liam essas palavras? Como são lidas hoje: o grupo ph tinha som equivalente ao do f.
Também se usava a letra h entre vogais em palavras como comprehender, Jundiahy, que hoje se escrevem compreender, Jundiaí. Isso explica por que o nome Bahia se escreve com h. Os baianos conservaram o h para manter a tradição.
Será possível hoje ocorrer nova reforma ortográfica? É pouco provável. Os meios de comunicação são mais numerosos do que antigamente, o que torna fácil manter igual a grafia.

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