São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997 |
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Quem é o inimigo público nº 1?
MÔNICA RODRIGUES COSTA
O que é fácil -e divertido- é a decodificação dos símbolos culturais que são usados. Por exemplo, as referências aos cinemas de Buster Keaton, de Charles Chaplin. A cena do assassinato no banheiro, de "Psicose", de Hitchcock, está ali e também em uma atração da Universal Studios, um dos parques de diversão de Orlando (EUA). Para o público pré-adolescente, a quem a peça é destinada, reconhecer gestos e expressões do cinema no teatro é uma aventura repleta de ação. O melhor de tudo é que o público exercita a imaginação. Afinal, trata-se de um enigma. Quem é o domador? É o minotauro? Por que há um minotauro, personagem mítico no meio daqueles quadros móveis? Por que Buster Keaton -multiplicado em vários- é protagonista de assassinatos tão misteriosos? O cenário são caixas de surpresas, ou caixas-pretas, com alta capacidade de concentrar informações. Impressiona a quantidade de ambientes que os objetos cênicos escondem e revelam, criando um jogo de aparências. É esse o labirinto criado para o minotauro -e o público- se perder. Além das referências ao cinema ou às artes de vanguarda, além do enredo divertido, o espetáculo do XPTO consegue relacionar a complexidade do enredo às formas que escolhe para expressá-lo. No plano visível, observa-se a relação especular de formas que se ampliam umas nas outras, como as listras do figurino ou aquelas que surgem do cenário. Essa combinação formal (seria intencional?) parece representar a multiplicidade dos vários Keaton, a repetição de acontecimentos faz com que a arte, involuntariamente, ocupe todos os espaços do labirinto, agora, de sentidos. Seria então a própria expressão o inimigo público número 1, o assassino Keaton? Texto Anterior: XPTO ri com as comédias de Keaton Próximo Texto: Monte-Carlo apresenta seu 'Romeu e Julieta' cinematográfico Índice |
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