São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997
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A noiva Mercosul

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - A corte ao Mercosul, por parte dos Estados Unidos e da União Européia, raramente viveu cenas tão explícitas como as desta semana, durante a cúpula econômica do Mercosul, promovida pelo Fórum Econômico Mundial.
Thomas McLarty, conselheiro do presidente Bill Clinton, se deu ao incômodo de sair de Washington na quarta-feira, desembarcar na quinta em São Paulo, falar à cúpula ao anoitecer e embarcar de novo para os Estados Unidos.
Apenas para dizer que o Mercosul não é mais o demônio que algumas autoridades americanas haviam desenhado antes. Ao contrário, é "uma força criativa".
Vinte e quatro horas depois de McLarty, o vice-presidente da Comissão Européia, o espanhol Manuel Marín, fazia declarações de amor ainda mais portentosas, ao antecipar o Mercosul como um dos grandes atores de um futuro mundo multipolar, ou seja, não resumido aos três grandes de hoje (Estados Unidos, União Européia e Japão).
Houve tempo em que frases como essas eram apenas protocolares, embora levadas muito a sério pelos governantes de turno no Brasil e na América Latina em geral.
Marginais ao centro do mundo, os latino-americanos necessitavam afagos, ainda que hipócritas, o que nem precisa de Freud para explicar.
Hoje, continuam marginais, mas marginais comercialmente atraentes. Bem ou mal, o Mercosul é o quarto maior bloco comercial do mundo, atrás apenas do Nafta, da União Européia e do bloco informal que gira em torno do Japão.
Fica, é verdade, a muita distância deles, mas, na feroz competição pelos mercados que a tal de globalização acentuou, representa um naco não tão desprezível.
É a melhor hora de aproveitar a circunstância para tentar o acordo mais favorável possível, com um ou com outro ou até com ambos.

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