São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997
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Madre Teresa de Calcutá

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

A exemplo de Jesus, madre Teresa passou a vida fazendo o bem. Estimada por todos pela sua consagração a Deus e incansável dedicação aos pobres, tem merecido a homenagem de cristãos, hindus e muçulmanos que a veneram pela sua exímia santidade.
Madre Teresa, humilde e despojada dos bens desta terra, de onde hauria sua força? Era na oração que encontrava a energia para devotar-se, com ternura, em nome de Deus, aos mais desamparados.
Diante do sofrimento sabia abrir seu coração e os braços, numa atitude de profunda compaixão para com os órfãos, os oprimidos e moribundos das ruas de Calcutá.
Tive a graça de conhecê-la em Roma e de conversar com ela durante o mês de outubro de 1994, por ocasião do Sínodo sobre a Vida Consagrada.
Madre Teresa não só participava de todas as atividades, mas foi convidada a falar, na presença do papa João Paulo 2º, a todos os bispos e demais membros. Com voz clara e meiga exortou-nos ao amor de Cristo. Suas palavras nos impressionaram muito e fizeram-nos entrar, quase sem perceber, em comunhão com Deus. Inesquecível.
No intervalo procurei-a para agradecer a bela mensagem. Olhou-me com candura e disse-me que iria rezar sempre pelos sacerdotes e a Arquidiocese de Mariana.
Sua face cheia de rugas abrigava um sorriso de bondade e paz. A exemplo de Maria, Mãe de Deus e nossa, madre Teresa tornou-se mãe dos pobres, solícita em captar, no semblante dos filhos de todas as raças, a dor que cada um encerra dentro de si. Quem não se lembra das fotografias em que levava no colo crianças franzinas e doentes, lutando para dar-lhes afeto e vida?
Sabia perceber nos corações aflitos a angústia e procurava a todos revelar o amor de Deus - "quem não ama ao irmão a quem vê, como poderá amar a Deus que não vê?" (1 Jo 4,20).
Entre as alegrias da madre Teresa certamente se encontra a graça de ter podido comunicar a outros a sua espiritualidade e fundar os Missionários da Caridade e outros institutos de vida consagrada que têm se multiplicado em 120 países e, hoje, são testemunho de confiança em Deus e devotamento aos mais desamparados.
Seu carisma está presente entre nós em várias obras. Na rua Cotoxó, em São Paulo, a Casa Serena tem abrigado centenas de adolescentes e jovens que perambulavam pelas ruas e aí encontraram acolhida e orientação por parte do padre Jaime Chacko, de Querala e outros discípulos de madre Teresa.
No mundo marcado pelo egoísmo que desconhece o sofrimento alheio, a vida abnegada da mãe dos pobres é sinal da prioridade do amor e abre horizontes de esperança.
Na beleza de seu olhar, transparecia o segredo da felicidade ensinado por Jesus: "Maior é a alegria de quem dá" (At 20, 35).
Interessada pelo bem de todos, com carinho materno, convidou até a princesa Diana a dedicar-se aos pobres -para além da decepção de um afeto não correspondido e da pompa e formalismo vazio da corte- e a encontrar o sentido da vida no dom de si aos mais necessitados.
Cristo, na sua infinita bondade, não esquece o copo d'água que dermos por amor. No céu, acolhe com festa madre Teresa e a todos que aprendem com ela, como a princesa Diana, a levar as crianças aidéticas no colo e cuidar com afeto dos pobres e excluídos.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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