São Paulo, domingo, 14 de setembro de 1997
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Pesquisas trazem vantagens para centro meteorológico

RICARDO BONALUME NETO
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Os bons resultados de pesquisas meteorológicas obtidos pelo supercomputador do CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) vão reverter em um bônus para o próprio centro.
O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) deverá iniciar licitação internacional para comprar um novo supercomputador para o CPTEC reforçar suas pesquisas.
Hoje, o supercomputador trabalha "sete dias por semana" fazendo previsão de tempo, segundo os cientistas que trabalham com ele. Não sobra tempo para fazer projetos de pesquisa e mesmo a manutenção é complicada, pois desligar a máquina significa paralisar a previsão climática.
O trabalho de previsão se complementa com outras atividades do Inpe -e 1997 está sendo um bom ano para elas, e para outros setores de ponta da ciência e tecnologia brasileiras.
O primeiro satélite de fabricação brasileira, o SCD-1, está em órbita. Durou mais que o previsto e ainda funciona coletando dados de plataformas meteorológicas e enviando-os para uma central em terra. Apesar do número de plataformas não ter atingido as centenas que eram o ideal dos planejadores, ele tem aumentado, e está próximo de 200.
Provavelmente em outubro ou novembro próximos, outro satélite da série, o SCD-2A, deverá ser lançado por um foguete lançador também brasileiro, o VLS (Veículo Lançador de Satélites, desenvolvido pelo Centro Técnico Aeroespacial).
A utilização intensa do supercomputador do Inpe e a compra de outro para instalação já em 98; o lançamento do VLS; e a inauguração do LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron) este ano pareceriam indicar um bom momento para a "grande ciência" brasileira -isto é, aqueles projetos de maior envergadura.
Essa atividade toda permitiu ao ministro da Ciência e Tecnologia, Israel Vargas, atual presidente da Academia de Ciências do Terceiro Mundo, fazer bonito durante a 6ª Conferência Geral da entidade realizada na semana passada no Rio, com dezenas de pesquisadores internacionais.
Vargas pôde dizer também que a participação brasileira na literatura científica de 1981 a 1995 cresceu 57% acima da média mundial, e que o número de bolsas para pesquisadores aumentou em média 12% por ano de 1990 em diante. O número de doutorados duplicou em cinco anos, a um ritmo de 15% a mais a cada ano.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, ele próprio membro da academia, esteve na abertura da reunião, mas seu discurso jogou um pouco de água fria nas aspirações dos cientistas brasileiros.
Apesar de reconhecer que mais verbas deveriam ser investidas em ciência, o presidente disse que ficava na incômoda posição de ter de negar, pois outras áreas teriam mais urgência de recursos -como o "desafio" de colocar na escola todas as crianças do país.
O temor dos cientistas presentes era perceber que hoje não estão sendo feitas políticas que rendam frutos semelhantes em um horizonte mais distante -para a ciência de 2010 ou 2020.
(RBN)

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