São Paulo, domingo, 14 de setembro de 1997
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Orquestra de Hamburgo toca em SP

Concerto é às 11h, no Ibirapuera

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O sueco Herbert Blomstedt, 70, que rege a Orquestra Sinfônica da Rádio de Hamburgo às 11h de hoje, na praça da Paz, no parque Ibirapuera, não é um nome muito conhecido no Brasil, mas tem consolidado seu prestígio internacional cada vez mais.
No ano que vem, Blomstedt estará assumindo a direção de uma das mais tradicionais e renomadas sinfônicas européias, a Orquestra da Gewandhaus de Leipzig, substituindo o alemão Kurt Masur -atual regente da Filarmônica de Nova York.
Além dos cargos em Hamburgo e Leipzig, Blomstedt também dirige com regularidade a Sinfônica de São Francisco (EUA), da qual foi titular entre 85 e 95. Sob sua direção, o nome da orquestra norte-americana consolidou-se, principalmente depois de uma série de gravações respeitadas.
Mas sua projeção internacional veio entre 1975 e 85, quando gravou mais de 130 obras com sua orquestra, a Staatskapelle Dresden.
Para os padrões alemães, a Sinfônica da Rádio de Hamburgo é uma orquestra jovem, tendo sido fundada em 1945, por Hans Schmidt-Isserstedt.
A Sinfônica de Hamburgo já teve como titulares Moshe Atzmon, Klaus Tennstedt, Gunter Wand e John Elliot Gardiner. Blomstedt, que assumiu o cargo na temporada 95/96, falou à Folha por telefone, de seu escritório em Hamburgo.
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Folha - A Gewandahaus, que o sr. vai assumir no ano que vem, quebrando uma longa tradição de regentes alemães, é de Leipzig, na antiga Alemanha Oriental, onde o sr. foi titular da Staatskapelle Dresden (1975-1985). Como foi esta experiência?
Herbert Blomstedt - Basicamente, eu odiava o país, mas adorava a orquestra. Só fiquei em Dresden durante tanto tempo porque eles eram muito musicais, tinham um nível excelente e insistiam muito em minha permanência. Fizemos muitas turnês e gravações.
Folha - Como será voltar à antiga Alemanha Oriental para dirigir a Orquestra da Gewandhaus de Leipzig?
Blomstedt - Interessante, não apenas porque o país mudou, mas porque a Gewandhaus é, historicamente, a orquestra rival da Staatskapelle -desde a época em que esta última era a orquestra da corte, ligada ao rei da Saxônia.
Folha - O sr. está acostumado a fazer apresentações em grandes parques, para públicos que, em geral, não conhecem música clássica?
Blomstedt - Faço uma por ano, se tanto. As condições acústicas não são as melhores, mas há sempre a possibilidade de levar a música a um público maior.
Tive uma experiência emocionante em São Francisco, quando fiz, com a sinfônica local, a "Sinfonia nº 9", de Beethoven, em um concerto para ajudar vítimas do terremoto. Aquelas 250 mil pessoas, que certamente nunca tinham ouvido Beethoven na vida, reagiram de maneira bastante calorosa.
Folha - O que funciona mais neste tipo de concertos: "pot-pourris" de obras leves ou o grande repertório sinfônico executado tradicionalmente?
Blomstedt - Não é necessário programar "pot-pourris", mas as obras têm que ser fáceis de ouvir. É, certamente, o caso da "Sinfonia nº 9", do compositor tcheco Dvorák, que faremos na cidade de São Paulo.
Folha - O sr. tem alguma previsão para gravar novos CDs ainda este ano?
Blomstedt - Como você deve saber, o mercado fonográfico está completamente saturado, e as gravadoras estão cortando seus lançamentos em até 50%.
Como regente convidado, já fiz quatro discos com a Gewandhaus pela minha gravadora, a Decca, mas eles estão agindo com muita calma em relação a novos CDs.

Concerto: Orquestra Sinfônica da Rádio de Hamburgo, regida por Herbert Blomstedt
Quando: hoje, às 11h
Onde: praça da Paz do parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, tel. 574-0884)
Quanto: entrada franca

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