São Paulo, domingo, 14 de setembro de 1997 |
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Sinfônica é leve e ousada
IRINEU FRANCO PERPETUO
Normalmente submetido a "pot-pourris" ligeiros e superficiais, que mais parecem uma sucessão de obras de bis, o público de hoje será brindado com uma ousadia: um concerto ao ar livre com repertório digno de Teatro Municipal. Que não se espere um daqueles paquidermes sonoros pelos quais se notabilizou a tradição germânica. Sem possuir um volume avassalador, a Sinfônica da Rádio de Hamburgo é surpreendentemente leve e maleável. Na praça da Paz do parque Ibirapuera, contudo, é impossível prever o quanto desta sonoridade o equipamento de som vai permitir chegar ao público. Pena que a "Sinfonia nº 1", de Brahms -justamente o item do concerto de quinta-feira, no Municipal, que recebeu a leitura mais convincente de seu regente, o sueco Herbert Blomstedt- vá ser substituído pela estrepitosa "Sinfonia nº 9", de Dvorák (pronuncia-se "dvórjak"), conhecida como "Do Novo Mundo" pelo emprego estilizado de temas inspirados no folclore dos Estados Unidos. Mas também haverá ganhos -a insossa e sub-rossiniana "Abertura em Estilo Italiano", D 591, de Schubert, cede lugar à colorida "Abertura Carnaval", também de Dvorák. A única obra em comum entre a apresentação de quinta e a de hoje -além do "Hino Nacional Brasileiro", de Francisco Manuel da Costa, interpretado como se fosse uma abertura de ópera italiana- será o Concerto para Violino de Brahms, com solos de Frank Peter Zimmermann. Límpido e "politicamente correto", Zimmermann demonstrou elegância e estilo, mas não conseguiu extrair uma sonoridade muito grande de seu violino Stradivarius. Sem grandes arroubos virtuosísticos, fez uma leitura honesta e transparente, mas que não chegou a arrebatar, por lhe faltarem riscos e surpresas. (IFP) Texto Anterior: Orquestra de Hamburgo toca em SP Próximo Texto: Milton canta com meninos da Febem Índice |
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