São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 1997
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35 social-democratas

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O PSDB é mesmo um partido iluminado. Na eleição de 94, a legenda conquistou 62 cadeiras na Câmara dos Deputados. Hoje, tem 97.
Esses 35 social-democratas descobertos pelos tucanos nos corredores do Congresso em dois anos e meio representaram um aumento de 56,45% na bancada do partido. Um assombro o poder de convencimento dos tucanos.
Sim, claro, pois os tucanos, como sempre ensina o ministro político Sérgio Motta, não praticam fisiologia. É tudo persuasão ideológica.
Esses 35 neotucanos não sabiam ter esse pendor pela social-democracia. Nas conversas com os companheiros de Serjão, enxergaram a luz.
Não convém listar os nomes dos deputados que fizeram do PSDB a segunda maior bancada da Câmara -a primeira é a do PFL, que pulou de 89 para 107 parlamentares no mesmo período, um aumento de 20,22%. Todos esses políticos são gente de bem.
Para o ministro Serjão, o único político passível de expulsão do PSDB é o ex-governador da Bahia Nilo Coelho. Nada fala dos deputados. São, portanto, todos social-democratas da gema.
O mais curioso nessa história é que os tucanos fazem parte da fauna política que mais critica a infidelidade partidária. Falam como se o inferno fossem apenas os outros.
Apesar de ser a legenda que mais cooptou deputados nesses últimos dois anos e meio, o PSDB continua a criticar a infidelidade. Principalmente quando isso coloca em risco os sonhos de hegemonia tucana.
O leitor pode se preparar nesta semana. Virá mais choradeira do PSDB quando o governador de Tocantins, o insigne Siqueira Campos, ingressar no PFL no dia 19. Junto com ele devem entrar cinco deputados federais nas fileiras pefelistas.
Talvez -refletindo sobre essa birra do PSDB com a infidelidade a favor de outras legendas- os tucanos queiram dizer o seguinte: fidelidade partidária, só quando todos já estiverem filiados ao PSDB.
"Daí, sim, fechamos a porta e ninguém mais sai", diria Serjão.

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