São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pitta admite que PAS está com problema

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Celso Pitta, disse ontem que o PAS (Plano de Atendimento à Saúde) está sobrecarregado de pacientes e culpou o governo do Estado por isso.
Segundo Pitta, a "falência" do sistema estadual de saúde empurrou pacientes para o PAS, obrigando o plano a atender mais pessoas do que consegue suportar (o PAS teria sido planejado para atender 35% da população, mas estaria acolhendo mais de 50%).
Essa migração, segundo o prefeito, seria a causa da falta de remédios, do aumento das filas e de outros problemas verificados em várias cooperativas do PAS.
"O PAS é o único que funciona", afirmou ontem o prefeito, que diz também que houve migração de pacientes dos municípios vizinhos e do sistema privado.
Desde que assumiu a prefeitura, em janeiro deste ano, Celso Pitta evitou fazer críticas diretas ao governo estadual para preservar o bom relacionamento que estava mantendo com o governador Mário Covas.
Ontem, porém, ainda que não tenha citado nominalmente Covas, Pitta mudou de tática e criticou o governo do Estado.
"O Estado não está atendendo com a presteza e a qualidade do PAS. Com isso, estamos trabalhando com mais pessoas do que o projetado. É necessário que eles se atualizem", disse.
Pitta criticou também o fato de o governo federal e o estadual não estarem repassando para o município a verba do SUS (Sistema Único de Saúde).
Outro lado
Na tarde de ontem, o secretário da Saúde do Estado, José da Silva Guedes, rebateu as críticas do prefeito e disse que o PAS não tem direito ao dinheiro do SUS, pois as cooperativas não foram credenciadas pela prefeitura no sistema.
Guedes diz que, na verdade, o número de pacientes do Estado aumentou.
"Subiu, em todo o Estado, de 15,9 milhões em julho de 1996 para 18,2 milhões em 1997. Não houve essa migração", disse.
Segundo ele, desde que o PAS foi implantado, no ano passado, aumentou a demanda por remédios nos hospitais estaduais.
"O PAS não distribui remédios para a população, que acaba tendo de buscar no Estado", disse.
Guedes afirma também que o PAS está fazendo apenas o pronto-atendimento. "As questões mais complexas ficaram para nós", disse o secretário.
"O problema é que a prefeitura montou um sistema muito caro e ainda precisa pagar os salários do funcionários que não aderiram ao plano. Esses funcionários estão trabalhando em outros lugares, como a usina de asfalto", afirmou Guedes.

Texto Anterior: Marginais vão fechar em caso de enchente
Próximo Texto: Estado vai cobrar por análise do EIA-Rima
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.