São Paulo, sábado, 27 de setembro de 1997
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ONG denuncia exploração de meninas na PB

ADELSON BARBOSA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

A ONG (organização não-governamental) Novo Quilombo, que atende 1.054 crianças e adolescentes de 4 a 14 anos, e o ex-promotor de Boqueirão (PB) Marinho Mendes Machado divulgaram ontem novas denúncias sobre prostituição infantil na cidade.
Segundo Machado, existe uma tabela de preços que seriam pagos por aposentados às meninas. Os preços variam de R$ 1,00 a R$ 5,00, de acordo com Machado.
A Polícia Civil da Paraíba já indiciou ontem quatro homens acusados de envolvimento com prostituição infantil em Boqueirão (169 km de João Pessoa).
Segundo o ex-promotor, o caso que mais chocou a cidade foi o de Jacira, 6, que era usada por homens aposentados, na faixa etária de 60 a 80 anos, para a prática de sexo oral. Em troca, ela recebia R$ 5,00 e levava o dinheiro para casa.
Para ver os órgãos sexuais das meninas, eles pagariam R$ 1,00. Para ser masturbados, pagariam R$ 2,00. Para sexo oral, anal e vaginal, os aposentados pagariam R$ 5,00.
"É um absurdo, mas é a verdade", disse a vice-presidente da ONG, Lúcia Batista de Almeida. A polícia disse desconhecer os valores da tabela. Segundo Machado, quando os aposentados não têm dinheiro, oferecem pão como forma de pagamento.
Lúcia afirmou que a prostituição infanto-juvenil em Boqueirão resultou em pelo menos um estupro e duas adolescentes (12 e 17 anos) grávidas do ano passado para cá.
Ela disse que a ONG retirou pelo menos seis meninas e adolescentes da rede de prostituição infantil nas ruas de Boqueirão.
As meninas, segundo Lúcia Almeida, recebem assistência da ONG, onde estudam, praticam esportes e se alimentam.
"As meninas faziam ponto na rua e procuravam os homens para pedir dinheiro. Em troca, eles exigiam sexo. As meninas se acostumaram e passaram a frequentar as casas deles", disse. A delegada de Boqueirão, Maria José Albuquerque, disse que não conseguiu provas para incriminar outros homens.

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