São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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A história oficial

Wladimir Herzog
. Profissão: jornalista
. Data da morte: 25 de outubro de 1975.
. Local: DOI-CODI, em São Paulo.
. Idade ao morrer: 38 anos
Morto no mesmo dia em que compareceu ao DOI-CODI para prestar depoimento por ligações ao Partido Comunista Brasileiro.
Segundo a versão oficial, Herzog se enforcou com um cinto do macacão de presidiário. Jornalistas que foram presos com ele afirmaram ter ouvido a sessão de espancamento e tortura em Herzog.
O médico legista Harry Shibata foi responsável pelo laudo necroscópico que sustentava a versão oficial. Ação judicial movida pela família responsabilizou a União pela prisão, tortura e morte de Herzog.
Sua morte gerou a primeira grande crise entre o governo militar e o aparelho repressivo que agia nos presídios militares. Mais recentemente, a União reconheceu sua culpa e indenizou a família do jornalista.

Neide Alves dos Santos
. Profissão: comerciária
. Data da morte: 7 de janeiro de 1976
Local: presa no DOI-CODI em fevereiro de 1975. Em janeiro de 1976, aparece morta no Hospital do Tatuapé (São Paulo).
Idade ao morrer: 31 anos
Ligada ao ex-deputado potiguar Hiran de Lima Pereira, atuava no setor de propaganda do Partido Comunista Brasileiro. Documentos oficiais indicam que ela foi presa no dia 6 de fevereiro de 1975 e encaminhada para o DOI-CODI, em São Paulo. Depois, foi mandada para o Dops, do Rio.
Solta mais tarde, procurou seus familiares que moravam no Rio. Tinha sinais de tortura por todo o corpo. Foi internada em um hospital e voltou a trabalhar.
O último contato mantido com os familiares foi no Natal de 1975. No dia 8 de janeiro, a família ficou sabendo que ela tinha morrido. A versão da polícia é a de que ela ateou fogo ao próprio corpo.
Durante 21 anos, sua morte não foi relacionada a motivos políticos. A família não acredita na versão de suicídio. A União deve reconhecer a responsabilidade por sua morte e indenizar sua família.

Manoel Fiel Filho
. Profissão: operário
. Data da morte: 17 de janeiro de 1976
. Local: DOI-CODI, em São Paulo
. Idade ao morrer: 49 anos
Acusado de pertencer ao Partido Comunista Brasileiro, foi preso no dia 16 de janeiro de 1976 e levado para o DOI-CODI. A versão oficial é a de que ele se enforcou em sua cela com as próprias meias. Companheiros de fábrica disseram que Fiel Filho usava chinelos, sem meias, ao ser preso.
Seu corpo apresentava sinais evidentes de tortura, com hematomas generalizados na testa, pulsos e pescoço.
Sua morte provocou o afastamento do general Ednardo D'Ávila Melo do comando do Exército em São Paulo. Foi a primeira medida punitiva do governo militar contra práticas de tortura e mortes nas prisões militares.
Em ação judicial movida pelos familiares, a União foi responsabilizada pela tortura e assassinato de Fiel Filho. Sua família foi indenizada.

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