São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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Secretário critica a política de Fleury

ROGÉRIO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

O atual secretário da Administração Penitenciária, João Benedicto de Azevedo Marques, diz que a morte de 111 presos em 1992 foi uma consequência direta da política de segurança pública da época.
"Isso acabou dando no que deu", afirma.
Como exemplo de política equivocada, Marques cita o fato de o sistema penitenciário ter ficado sob a responsabilidade da Secretaria da Segurança Pública, até a morte dos 111 presos na Detenção.
"Quem prende não deve tomar conta de presos", diz.
Segundo ele, o atual governo paulista tem conseguido negociar com os presos nas ocorrências de rebeliões sem necessariamente usar a violência. "Sempre esgotamos as negociações", diz.
Já o ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho acusa o atual governo de "permissividade" com as rebeliões. "Na minha época se negociava, hoje o que a gente vê não é bem isso", diz. Para Fleury, o atual governo tem cedido às exigências dos detentos.
Azevedo Marques nega que esse problema esteja ocorrendo atualmente. "(A opinião do ex-governador) É fruto de desinformação", afirma. "Nós nunca abrimos mão da autoridade."
Em julho do ano passado, o governo paulista criou um Grupo de Negociadores, para agir em casos de rebeliões e tentativas de fuga.
Vagas
O ex-governador Fleury diz que mantinha o sistema penitenciário na Secretaria da Segurança Pública para unificar a oferta de vagas no sistema. "Isso não significava que os policiais haviam tomado conta dos presídios."
Mas ele admite que, na prática, era impossível a Secretaria da Segurança Pública cuidar das duas estruturas.
Depois da morte dos 111 presos, Fleury criou a Secretaria da Administração Penitenciária, mas, segundo o então secretário-adjunto da Segurança, Antônio Filardi Luiz, o governo da época estudava a privatização dos presídios.
Hoje, com um total de 6.463 presos, a Casa de Detenção está a caminho de ser desativada.
O governo prevê construir 21 presídios, com 17.520 vagas novas. Segundo Azevedo Marques, isso será suficiente para esvaziar a Casa de Detenção e retirar os presos de distritos da Grande São Paulo.
A Penitenciária do Estado e o COC (Centro de Observação Criminológica), também pertencentes ao Complexo do Carandiru, deverão permanecer no local.
(RS)

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