São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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O que ocorreu em 2 de outubro de 1992

Antes da invasão
1. Por volta das 11h, o diretor da Casa de Detenção, Ismael Pedrosa, é informado por um funcionário sobre uma briga entre presos do pavilhão 9
2. A briga logo se transforma num conflito aberto entre dois grupos rivais de presos
3. Funcionários do presídio são expulsos do 1º andar, onde se concentravam os grupos em conflito
4. No início da tarde, Ismael Pedrosa solicita a presença de reforços da Polícia Militar no presídio
5. O coronel Ubirtatan Guimarães se reúne com outros comandantes da PM, Pedrosa e os juízes Ivo de Almeida e Fernando Antônio Torres Garcia para avaliar a situação
6. Guimarães conversa duas vezes, por rádio e telefone, com o secretário da Segurança, Pedro Franco de Campos, e dele recebe a autorização de invadir o pavilhão caso julgasse necessário
7. O coronel opta pela invasão e, às 16h30, a PM inicia a tomada do pavilhão 9, que segue até as 18h30

Durante a invasão
Segundo a denúncia do processo
8. Apesar do grande tumulto e de sinais de fogo, não havia perigo de fuga. Os presos começam a jogar estiletes e facas para fora, demonstrando que não resistiriam à invasão. Alguns colocam faixas nas janelas sinalizando um pedido de trégua
9. Depois da tomada do térreo, sem resistência, os policiais partiram para os andares superiores. Os PMs, "tresloucadamente", dispararam contra presos, visando principalmente a cabeça e o tórax. Os presos estavam no interior das celas ou fugiam em desespero pelos corredores.
10. Diante da violência da PM, alguns detentos tiveram de se jogar sobre os corpos que estavam no chão, fingindo-se de mortos, para conseguir sobreviver.

Segundo o coronel Ubiratan Guimarães
8. Uma fuga estava sendo preparada. Um grande incêndio ameaçava alastrar-se pelo pavilhão, ameaçando a vida de todos os presos. A presença de corpos de detentos próximo à entrada mostrava que os internos estavam se matando.
9. O térreo foi tomado sem resistência. Mas, ao tentarem passar por uma barreira montada pelos presos, os PMs foram recebidos a tiros pelos detentos. Os policiais tiveram, então, de revidar os disparos.
10. Aparentemente drogados, os presos atacaram os policiais, que tiveram de se defender. Os que se renderam eram levados para baixo. Os que continuaram a atacar os policiais acabaram mortos no confronto.

Os caminhos do processo
. Outubro de 1992
Iniciado o IPM (inquérito policial militar)
. Março de 1993
Concluída a denúncia pelo promotor de Justiça Militar Luiz Roque Lombardo Barbosa
. Março de 1996
Justiça Militar decide tranferir o processo para a Justiça Comum
. Maio de 1996
Processo é enviado para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) para que este decida se ele pode ser transferido para a Justiça Comum
. Janeiro de 1997
O coronel Ubiratan Guimarães toma posse como deputado estadual pelo PSD.
. Abril de 1997
STJ decide manter o projeto na Justiça Comum.
. Junho de 1997
Depois de ouvidos novamente parte dos envolvidos na ação policial, os promotores enviam ao juiz Nilson Xavier de Souza o pedido para que os réus sejam levados a júri popular. O processo relativo ao deputado Ubiratan Guimarães é enviado ao Tribunal de Justiça
. Agosto de 1997
O desembargador Mohamed Amaro envia pedido à Assembléia Legislativa para que seja concedida autorização para processar Ubiratan Guimarães
. Setembro 1997
Aguarda-se a decisão do juiz sobre levar os acusados a júri popular, à qual caberá recurso. Não há previsão de quando os acusados serão julgados. Enquanto Guimarães continuar deputado, seu processo correrá separadamente, devendo ser julgado pelo TJ

Os números
Indenizações ás famílias
. Familiares de presos entraram com 76 ações de indenização contra o Estado

. Têm decisão definitiva da Justiça 13 ações, todas a favor das famílias

. Estão em fase de execução 6 ações de indenização

120 PMs denunciados

111 presos mortos

78 presos mortos apenas no 2º andar

86 presos com ferimentos leves

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