São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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Consultores divergem sobre a presença ideal

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento do controle estrangeiro sobre o sistema bancário nacional provoca reações divergentes entre especialistas do setor.
Erivelto Rodrigues, consultor da Austin Asis, avalia que Brasil já estaria dentro do "ponto ideal".
"O percentual de 20% dos ativos totais é compatível com o que acontece nos Estados Unidos, Chile e Argentina", diz ele, completando que "o país era cobrado pela falta de abertura, mas a posição já mudou muito".
Para Rodrigues, a participação do capital internacional não deve ultrapassar os 30% dos ativos bancários para que seja mantida a soberania sobre o sistema.
"É hora de definir regras claras de atuação das instituições estrangeiras e também das nacionais".
O consultor Carlos Daniel Coradi, da Engenheiros Financeiros & Consultores (EFC), discorda dessa limitação. "Não vejo razão para o sistema ser fechado. A participação estrangeira pode perfeitamente chegar a 50% do total".
Segundo Coradi, os juros e tarifas cobrados ainda são exorbitantes e a presença estrangeira só tem a contribuir para mudar isso.
Mercado diferenciado
Renê Aduan, diretor-geral do Banco Real, quinta maior instituição privada, compartilha dessa posição, mas considera difícil chegar aos 50%. "Eles têm que aprender muito sobre a cultura local. O Brasil é um país continental, não é como o Chile ou a Argentina, onde o mercado todo é uma praça só".
Francisco Gros, ex-presidente do BC e executivo do Morgan Stanley, considera que haverá um limite natural para a entrada de estrangeiros. "Existem alguns bancos nacionais que ninguém vai conseguir desalojar", afirma ele, referindo-se a Bradesco, Itaú e Unibanco.
"Não existe o risco de desnacionalização do sistema financeiro", completa Gros, que assessorou a venda do Multiplic para o Lloyds.
Francisco Gros acredita que o aumento da concorrência vai sacudir o mercado local. "O que é muito bom porque a crise financeira do Sudeste Asiático só aconteceu porque os sistemas locais eram fracos", afirma ele.
(VA)

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