São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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'Santanês' enfrenta 'scolarês'

LUIZ CESAR PIMENTEL; RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians, conhecido pela garra, tem hoje um treinador sereno. Já o do Palmeiras, de tradição mais técnica, é menos polido.
Essa inversão ainda causa estranhamento dentro dos clubes.
Quando chegou a São Paulo, Joel Santana anunciou que precisava sentir "o perfume corintiano". Passado um mês, período no qual venceu três jogos e perdeu seis, o discurso mudou. "É na hora da derrota que se vê quem é quem."
Hoje, Santana estreará no clássico ao qual refere-se como o de maior rivalidade do Brasil. E lança a previsão sobre o jogo, em um típico e inusitado "santanês": "A bomba está lá. Ainda não explodiu. Depois que explodir, a gente vê o que acontece".
A difusão do "santanês" é ajudada por Paulo Angioni, gerente de futebol, que quer criar um "canal direto" com os jogadores e diz que Santana tem "estilo brejeiro".
"Com esse tipo de linguagem, ele conquista o jogador. Eu nunca vi um caso de jogador que tenha tido algum problema com o Joel", afirma Angioni, que conhece o treinador desde 1980. Ele é formado em administração e psicologia.
O idioma de Joel parece transmitir proteção para aos comandados. "Procuro dar carinho para meus jogadores, mas chega uma hora em que a cobrança é do clube."
O linguajar de Luiz Felipe Scolari, que se pode chamar "scolarês", já lhe causou problemas.
Os sócios do Palmeiras reclamaram dos palavrões que ele falava nos treinos do Parque Antarctica, que fica dentro do clube, com frases como "Amaral, mexe essa b..." ou "Vai, p..., marca o cara".
"Eu não consigo trabalhar sem palavrão", afirma Scolari.
O palmeirense também muda o sentido dos termos. Para ele, um zagueiro "maldoso" é aquele que impõe seu físico, sem maldade.
Já em entrevistas, sua resposta preferida é: "Não sei, ti que está falando isso". (LCP e RB)

LEIA MAIS sobre o clássico à pág. 4-4 e sobre o Campeonato Brasileiro às págs. 4-2, 4-3, 4-5 e 4-6

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