São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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O algoz de ontem pode ser a vítima de hoje

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Lembram-se de domingo passado? Pois o Palmeiras vinha de humilhante derrota, e o Santos, de heróica vitória.
O Palmeiras, simplesmente, trucidou o Santos.
E é assim que o Palmeiras chega hoje -inflado pela goleada imposta ao Santos- para cruzar com um Corinthians arrastando-se sob o peso de três derrotas consecutivas.
O que não quer dizer que a história se repita obrigatoriamente, com o algoz de ontem transformado em vítima. Mas pode. Sobretudo, se o técnico Joel pudesse explorar o desejo de reabilitação da turma e a melhor formação em campo de que pode dispor no momento, do meio-campo para a frente: Gilmar, Romeu, Rincón e Souza; Donizete e Renaldo. Aí, teria dois médios de marcação, dois meias criativos e dois avantes incisivos, como manda a regra. Pena que Gilmar esteja fora.
Quanto ao Palmeiras, a fixação de Galeano no lugar de Amaral era medida que se impunha, para ancorar melhor esse meio-campo disperso e fluido com a presença do antigo titular.
O resto fica por conta da tradição.
*
Meus amigos de além-mar ainda estão rolando de rir no chão, desde quando leram o manifesto do Clube dos 13, que, para mais gáudio lusitano, mantém esse título, embora seja dos 16.
Aos arrancos das gargalhadas, pensam lá consigo -ó pá, então quer dizer que os clubes brasileiros precisam assinar um manifesto prometendo cumprir um regulamento que eles mesmos elaboraram e assinaram?
*
Antes tarde do que nunca, mando meus parabéns ao Milton Neves, pelos 15 anos do seu Terceiro Tempo, na Jovem Pan.
Aliás, lembro-me como se fosse hoje da noite em que encontrei no Pacaembu um José Silvério compreensivelmente angustiado com a saída do Show de Rádio, do Estevam Sangirardi. O programa, que era o fecho de ouro das transmissões da Pan, havia anos, transferia-se para a Bandeirantes. Algo me dizia, porém, que a retomada do velho plantão criado pelo eterno Homem do Tempo, Narciso Vernizze, com nova roupagem, haveria de dar certo.
Mas não esperava tanto, confesso: Milton Neves, com aquele vozeirão, bênção da natureza, somado à uma memória privilegiada, mais o instinto de puro radialista que o leva a explorar o lado polêmico do futebol como nenhum outro, foi simplesmente um achado.
Que virou vício.
*
Essa, sem dúvida, é a maior jogada de Pelé, fora das quatro linhas: o lançamento da candidatura de Platini para a presidência da Fifa. Retomando o slogan dos anos 60, sem a ironia mordaz que carregava, pode-se repetir: "Basta de intermediários. Platini para presidente". É o craque refinado que virou dirigente sério, elegante e inteligente. Alguém, como Franz Beckenbauer, afinado com os tempos que se avizinham ao próximo milênio.
Alguém, verdadeiramente, do ramo.
Ah, se fosse possível...

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