São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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Entre o anis e o absinto

PAULO FERRETTI

"Bebida proibida" ainda faz sucesso nos bares de Paris e Praga
A Primavera, soprada antes da hora pelo El Niño, vem lotando as mesas na calçada dos bares de toda a cidade. Como na riviera francesa ou em Praga, a cidade mais em moda da Europa, as bebidas à base de anis são uma bela e charmosa opção como aperitivo digestivo.
Há mais de 4.000 anos que o anis é adicionado às bebidas no combate a problemas estomacais e com poderes anestésicos. Porém, a transformação de remédio em bebida ocorreu no século passado, quando foram produzidos os primeiros destilados e licores anisados.
A grande vedete do século 19 foi o mítico absinto, bebida forte e amarga, de um verde intenso composto da planta que lhe cedeu o nome e de anis, que lhe conferia aroma e sabor.
Controvertida, foi a bebida preferida pela geração de artistas da época, como Degas e Toulouse-Lautrec, que eternizaram o absinto em suas telas, e Ernest Hemingway, que mencionou a bebida várias vezes na obra "Por quem os sinos dobram". Era considerada afrodisíaca por seus entusiastas.
Porém, no início do século 20, foram encontradas substâncias tóxicas em sua composição com efeitos epiléticos e entorpecentes. O folclore de que o absinto causava delírios e levava à loucura provocou forte rejeição por parte da opinião pública e, em 1915, foi proibido o comércio do absinto e de todas as bebidas à base de anis na França.
Somente em 1938, as bebidas anisadas voltaram a ser comercializadas, quando ficou provado cientificamente que o anis não tinha nenhuma substância tóxica.
Atualmente, as bebidas à base de anis são produzidas e consumidas em todos os países da Europa mediterrânea. A França produz os "anisettes", licores doces, e os "anisés" ou "pastis", que são destilados com adição de anis e possuem graduação alcoólica em torno de 45 (Graus).
Na Itália, o "Sambuca" é um dos mais célebres licores do país. Servido em cálices pequenos, os italianos acrescentam dois grãos de café e acendem uma chama no licor, exaltando os aromas de anis e café.
A Espanha produz os artesanais licores doces "anesones" e existem também os "ojenes", destilados ilegais que levam anis e absinto (que não é proibido pelas leis da República Tcheca), encontrado em todos os bares cheios de jovens e turistas curiosos em conhecer a "bebida proibida".
Os destilados anisados são tomados com gelo e água. Quando se misturam à água, tornam-se turvos, alguns com tons amarelo-esverdeados, outros leitosos.

e-mail: pferreti@uol.com.br

ONDE ENCONTRAR: Mercantil Zero: r. dos Pinheiros, 1.182, Pinheiros, região sudoeste, tel. 813-2929). Pernod (França), R$ 36,90. Ricard pastis (França), R$ 31,90. Sambuca Vaccari (Itália), R$ 32. Ouzo Metaxa (Grécia), R$ 49. Emporio Lyon: r. Pedroso Alvarenga, 746, Pinheiros, região sudoeste, tel. 280-6109.
Pernod (França), R$ 44,90. Anis del Mono (Espanha), R$ 18,40. Sambuca Molinari (Itália), R$ 33,50. Ouzo Metaxa (Grécia), R$ 45.

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