São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997
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Fumaça gera crise respiratória no AM

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

A concentração de fumaça de queimadas ontem sobre Manaus (AM) provocou um aumento médio de 40% nos atendimentos a pessoas com problemas respiratórios nas cinco unidades de urgência da cidade e no Pronto-Socorro Municipal 28 de Agosto.
Todas as unidades ficaram lotadas. Até as 14h30 de ontem, cerca de 80 pessoas, a maioria crianças, chegaram ao 28 de Agosto com crises respiratórias.
Segundo o médico do pronto-socorro Luís Carlos Cembrani, nos dias normais são feitos cerca de 50 atendimentos.
Manaus amanheceu coberta por uma forte nuvem escura, resultante da mistura de neblina e muita fumaça, que provocou crises de bronquite e asma, além de irritações nos olhos e garganta.
Com pouca visibilidade, pousos e decolagens nos aeroportos Internacional Eduardo Gomes e Militar de Ponta Pelada foram feitos apenas por meio de instrumentos.
O Corpo de Bombeiros ficou em alerta. Os barcos foram orientados pela Capitania dos Portos a navegar nas margens do rio Negro, que banha Manaus, sem atravessá-lo, porque de uma margem não era possível ver a outra. Segundo os bombeiros, a capitania e o Salvaero, não houve acidentes graves.
O serviço de meteorologia do aeroporto Eduardo Gomes disse que não há como medir a concentração de fumaça por falta de aparelhos. O parâmetro usado é a visibilidade aérea, reduzida ontem a menos de um terço do normal.
A visibilidade horizontal era de 2.000 metros -o padrão normal é 7.000 metros horizontais. O teto, ou visibilidade vertical, que, em Manaus, chega a 1.500 metros, atingia ontem apenas 213 metros.
Os bombeiros receberam, na última semana, cerca de 20 chamadas diárias para apagar incêndios nas matas da região de Manaus.
Não há números da extensão do fogo. As maiores queimadas estão nas fazendas espalhadas pelos 100 km que separam Manaus de Itacoatiara, a leste da capital.
A Agência Folha não localizou ontem o superintendente do Ibama no Amazonas, Hamilton Casara, nem a secretária estadual do Meio Ambiente, Rosaline Pinheiro. Na casa dela, ninguém atendeu às ligações. O celular dele estava desligado.
Os focos de queimadas e as nuvens de fumaça se espalham por várias regiões na Amazônia. No sábado, os vôos no aeroporto de Porto Velho, capital de Rondônia, foram monitorados por aparelhos, devido à falta de visibilidade.
No sudeste do Pará, o aeroporto de Carajás foi fechado duas vezes nos últimos 15 dias.

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