São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997
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Produto troca de lugar e venda cresce 10%

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os supermercados brasileiros começam a perceber que a simples mudança de lugar de um produto na gôndola -desde que ele fique próximo de outra mercadoria afim- pode resultar num aumento expressivo de vendas.
Nos Estados Unidos e na Europa, a experiência -que, na prática, significa agrupar num mesmo local produtos que podem ser consumidos juntos (no café da manhã, por exemplo)- já está se transformando em estratégia das empresas para elevar as vendas.
No Brasil, o teste começa a ser feito por algumas redes que, por enquanto, estão gostando dos resultados. Há um ano, por exemplo, o Barateiro decidiu colocar o coador ao lado do pó de café na sua loja de Sapopemba, bairro da zona Leste de São Paulo.
Consequência: a venda do coador de café subiu 10% rapidamente. A empresa notou que muitas vezes os consumidores esqueciam-se desse produto. Ao colocá-lo ao lado do café, a venda foi estimulada.
Próximo à área do açougue, o cliente já encontra também espeto para churrasco, temperos, carvão entre outros produtos afins.
Para João Fernandes D'Almeida Filho, vice-presidente do Barateiro, que faturou quase R$ 500 milhões em 1996, essa é uma boa hora para colocar a estratégia em prática, já que o consumo caiu.
Pela experiência de empresas do exterior -que também estão em fase de teste dessa forma de exposição das mercadorias- quase dobrou num período de seis meses.
Foi o que constatou a joint venture norte-americana entre a CPC International com a General Mills para venda da linha de sobremesas Betty Crocker, que foi lançada no Brasil há cerca de um ano.
Nos Estados Unidos, a empresa conseguiu convencer alguns supermercadistas de que a venda de misturas para bolo e de coberturas pronta poderia crescer -e muito- se os dois produtos estivessem bem próximos.
E foi o que aconteceu. Em seis meses, a venda de misturas para bolo cresceu 45% e a de coberturas, 85%. No Brasil, a mesma experiência -que está sendo feita- já resultou no aumento de 30% na venda de misturas e de 50% na de coberturas, informa Fernando Simioni Jr., gerente da linha de sobremesas da Refinações de Milho Brasil, a subsidiária brasileira da CPC, que espera faturar neste ano cerca de R$ 1 bilhão.
Ele conta que normalmente os supermercados -no Brasil e no exterior- colocam todo tipo de cobertura numa mesma gôndola, muitas vezes distante das massas para bolo. "É um erro."

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