São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
NYC Ballet mostra a inovação do clássico
ANA FRANCISCA PONZIO
Nessa primeira temporada da companhia norte-americana no Brasil, também serão realizadas apresentações no Rio (4 a 6 de outubro) e em Salvador (dias 9 e 10). "A escolha da música é o fator determinante de uma coreografia", afirma Martins, 50, revelando sua afinidade com Balanchine, considerado o mais musical dos coreógrafos. Nascido na Dinamarca, Martins foi levado para o elenco do New York City Ballet pelo próprio Balanchine, fundador da companhia, em 1969. Hoje diretor artístico do grupo, Martins procura preservar o legado de Balanchine, cujas obras dominam o repertório do NYCB. Por outro lado, tenta descobrir novos coreógrafos através do "Diamond Project", mostra bienal criada por ele. "Depois da música, o coreógrafo precisa saber usar o vocabulário de passos do balé, que funcionam como uma gramática que permite falar um idioma. Finalmente, não se colocar nos passos que está criando, mas pensar nos bailarinos com os quais está trabalhando. Obviamente, acima de tudo está o talento", explica Martins. Tanto Martins como Balanchine trabalham com a técnica clássica do balé. No entanto, Balanchine tornou-se um dos coreógrafos mais influentes deste século ao desenvolver uma estética inovadora, que expandiu o vocabulário acadêmico da dança. Elevando a coreografia ao status de arte independente, Balanchine rompeu com o antigo hábito de fazer do balé um espetáculo que conta histórias atreladas a mímicas e pantomimas, com roteiros teatralizados e personagens carregados de conflitos psicológicos. Para Balanchine, a dança funciona em termos de forma. Aprofundando as possibilidades do balé clássico, ele foi capaz de criar, a partir dessa técnica, estruturas de movimentos mais sofisticadas e complexas, com uma fluência intimamente relacionada à música. Dotados de extraordinária musicalidade e grande beleza plástica, os balés de Balanchine lançaram novas maneiras de utilizar o espaço cênico. Em suas coreografias, os cenários foram trocados por palcos limpos, capazes de ressaltar a pureza de linhas dos movimentos executados pelos bailarinos. Os bailarinos devem possuir grande domínio técnico para interpretar as obras de Balanchine, que lembrava que, em grego, as palavras "arte" e "técnica" têm significados semelhantes. "O balé sobreviverá por meio da técnica clássica pura. O classicismo vai durar porque é impessoal", profetizava Balanchine. Radicado nos EUA a partir de 1933, o mestre russo também assumiu outro papel: difundir o balé clássico no país cujo ponto forte, desde Isadora Duncan, sempre foi a dança moderna. Espetáculo: New York City Ballet Quando: de hoje até quinta, às 21h Onde: Teatro Municipal (Pça. Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 011/223-3022) Quanto: R$ 25 a R$ 120 Texto Anterior: A verdade e a mentira Próximo Texto: Programa traz Balanchine Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |