São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997
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Banda não se esconde atrás dos efeitos especiais

FÁBIO MASSARI
ESPECIAL PARA A FOLHA

"É, tem vez que o kitsch não funciona." A frase é do vocalista Bono Vox, ao chegar à pequena sala reservada para a entrevista pós-show, dada exclusivamente ao Brasil (leia à pág. 5-3).
Bono se referia à brincadeira da banda proposta aos 67 mil pagantes do estádio Olimpic de Montjuic, em Barcelona: um megakaraokê com o clipe de "Macarena", exibido no gigantesco telão.
Não deu certo. Pelo menos 80% do estádio não perdoou e caiu na vaia. Mas nada que abalasse o humor da banda. Até porque, fora essa pequena exceção, o que se viu em Barcelona foi um enorme delírio coletivo. Com cerca de duas horas de duração.
A monstruosidade cênica do evento, amparada pelas mais delirantes maquinações tecnológicas da praça, é de tirar o fôlego. Tela nababesca, limão-disco voador-globo de discoteca, palco "abraçando" a platéia, palquinho no meio do público.
Mas o grande saldo desse show é que nada disso ultrapassa o U2 em cena. A parafernália da turnê PopMart não oblitera o recado da banda. Ninguém do grupo se esconde atrás dos efeitos. Os quase 20 anos de estrada se fazem valer em uma apresentação impecável, visceral.
O começo já é um nocaute técnico (Bono entra em cena como boxeador). "Mofo", com a banda em ritmo de "electronica" pesada, traz um dos riffs mais emblemáticos da arte guitarrística moderna.
O meio do show é uma apelação: uma envolvente "Until the End of the World" abre espaço para "New Year's Day". Em "Where the Streets Have No Name", apareceu um convidado especial nos backing vocals: o coro de 67 mil barceloneses.
Muita cor e símbolos da cultura pop passam pelo telão, que também se encarrega de mostrar para todo mundo, em edição primorosa, uma banda em carne e osso. Grande. Para muitos pretensiosa. Sincera. E longe de ser caricatura de si mesma. O U2 saiu de Barcelona triunfante.

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