São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998
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Embaixador indica que Chile pode ceder

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O embaixador do Chile no Brasil, Heraldo Muñoz, disse ontem que o Chile está aberto a qualquer possibilidade de acordo que possa resolver a situação dos sequestradores chilenos do empresário Abílio Diniz presos no Brasil.
O embaixador deu a declaração depois de visitar os presos, que estão em greve de fome na Penitenciária do Estado, em São Paulo.
"Não estamos fechados a nenhuma opção de acordo. Todas as portas estão abertas."
Muñoz disse que ficou muito preocupado com a saúde dos sequestradores e que aguarda um desfecho positivo nas negociações entre Brasil e Chile sobre o caso.
As declarações de Muñoz são indicação de que o Chile poderá ceder mais em suas exigências no processo de negociação. Até ontem, as negociações entre os dois países estavam em um impasse.
Na véspera da chegada do presidente Fernando Henrique Cardoso ao Chile, na última sexta-feira, as negociações haviam voltado à estaca zero.
O governo brasileiro propunha que os presos fossem transferidos para completar o cumprimento da pena em seus países de origem, mas não admitia a hipótese de que as penas, que variam de 26 a 28 anos, fossem suspensas.
O Chile preferia uma solução que incluísse a expulsão dos presos, para que pudessem ficar em liberdade assim que chegassem ao país. Mas, na semana passada, o ministro das Relações Exteriores do Chile, José Miguel Insulza, se comprometeu a apresentar uma nova proposta até ontem.
Até ontem à noite, a assessoria de imprensa do ministério, no Chile, não havia respondido à reportagem se a proposta realmente foi feita e qual seria o seu teor.
Protestos
O embaixador estava com o vice-presidente da Câmara dos Deputados do Chile, Jaime Naranjo Ortiz, que veio ao país para acompanhar o caso dos sequestradores.
Naranjo afirmou que o fato de os protestos no Chile terem sido pequenos e feitos na maioria por familiares dos presos não significa que a população do país não esteja preocupada com o caso.
Segundo ele, uma prova disso é que ele veio ao Brasil, e que vários outros parlamentares do Chile também viriam ao país pressionar pela expulsão dos sequestradores.
Naranjo disse que irá se reunir hoje com o cardeal dom Paulo Evaristo Arns e que irá a Brasília conversar com deputados e senadores sobre o caso.
Ontem, o Comitê de Apoio aos Presos Internacionalistas no Brasil, que pede a expulsão dos sequestradores do país, fez uma vigília em apoio aos presos, que começou às 9h e só acabou no final da tarde. Dezenas de pessoas participaram do ato.

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