São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998
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Entenda a crise entre Pitta e os vereadores

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O levante dos governistas contra o prefeito Celso Pitta (PPB) começou a ser articulado em março, com a participação de vereadores de todos os partidos e do vice-prefeito Régis de Oliveira (PFL).
Desde o início do ano, Pitta começou a sair às ruas para cobrar resultados das administrações regionais, controladas pelos vereadores governistas. Ele também não estaria atendendo às reivindicações da sua bancada.
Nessas visitas, quatro administradores regionais foram demitidos. A crise financeira que tomou conta da prefeitura em 1997 paralisou obras e serviços. A cobrança da população aumentou, e o conceito da gestão Pitta despencou nas pesquisas de opinião.
A ação de Pitta contrariou alguns vereadores, que começaram a se articular. Os "rebeldes" batizaram o grupo de "iceberg" e partiram para uma tentativa de derrubar o prefeito, que passou a ser chamado de "Pittanic".
Eles exigem a saída de Pitta por meio de renúncia ou impeachment (que pode ser aprovado por 37 votos, cinco a mais do que somam hoje rebeldes e opositores).
A estratégia dos rebeldes é minar a administração Pitta com a investigação de denúncias de irregularidades. O grupo nasceu desacreditado, mas, aliado aos vereadores da oposição, conseguiu aprovar a CPI da Educação e vota hoje a CPI dos Precatórios. Até pedidos de trégua de Maluf foram ignorados.
Os rebeldes ganharam ainda mais força ao derrubar, na semana passada, 51 vetos do Executivo a projetos da Câmara.
O vereador Paulo Roberto Faria Lima (PPB), o primeiro a se opor publicamente a Pitta, foi o principal articulador do grupo que teve entre seus interlocutores até o ministro Sérgio Motta, pouco antes da sua morte, e o então chefe da Casa Civil do governo Covas, Walter Feldman (PSDB).
Como represália, Faria Lima perdeu o controle da Regional de Pinheiros e do módulo central do PAS. O mesmo ocorreu com Toninho Paiva (PFL) no módulo do Tatuapé. A seguir, os "rebeldes" colocaram os cargos à disposição.
Acuado pela instalação de comissões de inquérito na Câmara, Pitta diz que a essência da crise é a má distribuição de cargos entre os vereadores governistas.
(MRH)

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