São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 1998
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Greenspan defende monopólio

Condição é manter preços baixos

ALESSANDRA BLANCO
DE NOVA YORK

O presidente do Federal Reserve (banco central americano), Alan Greenspan, disse ontem em um depoimento no Comitê Judiciário do Senado que os reguladores norte-americanos não deveriam intervir em monopólios gerados por fusões de empresas que dominam seus mercados por meio de eficiência e preços baixos.
Segundo Greenspan, o rápido avanço tecnológico e a competição global já seriam suficientes para reduzir a incidência de "monopólios naturais".
"Pela medida do que beneficia os consumidores, essas empresas não deveriam ser desencorajadas", disse. Ele não citou o caso judicial contra a Microsoft em nenhum momento.
Debate sobre fusões
O depoimento de Greenspan fez parte de uma série de discussões que estão sendo feitas no Senado no que diz respeito à nova onda de fusões nos EUA.
O Departamento de Justiça dos EUA e a Comissão Federal de Comércio já se manifestaram a favor de uma "batalha" conta a fusão de grandes empresas.
Essa é a quinta onda de fusões por que passa o país -as outras foram nas décadas de 1890, 1920, 1960 e 1980.
Números da Security Data Co. mostram que em 1988, pico da onda de fusões da década de 80, foram registrados acordos de US$ 592 bilhões, entre empresas públicas e privadas. Neste ano, por enquanto, foram anunciados acordos de US$ 793,4 bilhões e, no ano passado, US$ 916,5 bilhões.
"Outros países experimentaram ondas de fusões nas últimas décadas sem um aumento perceptível na concentração. Os efeitos da presente onda de fusões (nos EUA) na concentração ainda têm de ser determinados", disse Greesnpan.
Ele fez um apelo às autoridades que cuidam de casos antitruste para que considerem a natureza complexa e dinâmica do mercado livre moderno.
"Nós não temos e não podemos ter, nem nenhuma entidade governamental pode ter, os recursos para entender completamente as implicações de vários diferentes tipos de fusões", disse.
No caso dos bancos, apesar de dizer que são uma exceção em que o "monopólio pode florescer sem razão apropriada", Greenspan disse que as recentes fusões "levaram a um substancial aumento na medida de concentração nacional. Mas tiveram pouco ou nenhum impacto evidente na média de concentração dos mais relevantes mercados locais".
Ação preventiva
O presidente da Comissão de Livre Comércio, Robert Pitofsky, disse no Senado que discorda de Greenspan porque combater as fusões antes que aconteçam seria muito mais barato do que deixá-las acontecer e depois vir a tomar alguma atitude em caso de se estabelecer o monopólio.

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