São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 1998
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Para Zagallo, Brasil foi 'vistoso'

ALEXANDRE GIMENEZ; MARCELO DAMATO; MÁRIO MAGALHÃES; RODRIGO AMARAL
ENVIADOS ESPECIAIS A NANTES

Técnico brasileiro retoma discurso de 94, quando assumiu a seleção, elogiando ofensividade da equipe no jogo de ontem

A classificação antecipada na primeira colocação do Grupo A da Copa do Mundo fez o técnico Zagallo retomar o discurso de quando assumiu a seleção brasileira, no segundo semestre de 1994.
"É isso aí", disse o treinador, sorrindo, ao ser questionado sobre a volta de um futebol brasileiro mais clássico, ofensivo. "Acho que a seleção jogou muito melhor, comparando com o primeiro jogo, contra a Escócia. Desenvolvemos um futebol vistoso, alegre, eficiente."
Zagallo disse estar "evidentemente satisfeito" com o 3 a 0 imposto ao Marrocos.
"Alcançamos o primeiro lugar, era o nosso objetivo, o que queríamos. Para mim, a evolução não é surpresa. Estou falando desde quando estávamos no Brasil, era a minha expectativa, faltava tempo. O time iria subir dentro da competição."
Apesar da satisfação demonstrada, Zagallo se recusou a repetir o discurso do Mundial de 94, quando após cada triunfo fazia uma contagem regressiva, anunciando quantos jogos faltavam para "o Brasil ser tetra".
"Não ganhamos nada ainda", disse ontem o técnico, ao ser indagado sobre afirmações do treinador da Noruega, Egil Olsen, que disse ter certeza de que não perderia a Copa, se tivesse atletas como os da seleção brasileira.
"Não vou entrar na deles, não ganhamos nada. Não entro em análise sobre os outros. A minha preocupação é o Brasil. Podem continuar falando o que quiserem, porque eu estou em outra."
Zagallo elogiou a seleção marroquina: "Foi excelente, trabalhando com grande velocidade, mostrando um futebol alegre. É uma satisfação encontrar, numa Copa do Mundo, uma seleção de menor porte jogando assim."
Na próxima terça-feira, o Brasil enfrenta a Noruega, em Marselha, no sul da França. Apesar de já ter assegurado a classificação antecipada, a partida será perigosa para o time de Zagallo.
Os zagueiros Júnior Baiano e Aldair, ambos titulares, estão com um cartão amarelo. Se receberem o segundo, ficarão de fora das oitavas-de-final, no Parc des Princes, estádio de Paris, contra o país que ficar em segundo lugar no Grupo B.
"Ainda não sei o que fazer, tenho uma semana para pensar", disse Zagallo. É possível que ele poupe um ou dois zagueiros, para evitar suspensão. Se os jogadores continuarem com um cartão, terão este amarelo zerado para as oitavas-de-final.
É pouco provável que a zaga jogue completa, portanto, para evitar o risco de que os reservas Gonçalves e André Cruz entrem em campo no Parc des Princes.
Zagallo afirmou também não ter definido quem será o substituto de César Sampaio, que ontem recebeu o seu segundo cartão amarelo -o primeiro foi na estréia, vitória de 2 a 1 sobre a Escócia.
Ontem, o técnico substituiu no segundo tempo Sampaio por Doriva, um meia de características acentuadamante defensivas, "para entrosá-lo". "Mas isso não quer dizer que ele vá jogar contra a Noruega", disse Zagallo.
Uma alternativa é a entrada do meia Emerson no lugar de César Sampaio, o que daria à seleção uma formação mais ofensiva do que com Doriva.
Zagallo também calar Leonardo no lugar de Sampaio, entrando Giovanni, mas é pouco provável, porque o treinador quer acostumar Leonardo como meia-atacante, na direita do ataque.
Zagallo descartou escalar um time majoritariamente reserva na terça-feira, para evitar, além de suspensões, eventuais contusões. "Temos que dar conjunto à equipe, tivemos pouco tempo para treinar. Por isso, não vou mexer muito. Quero consistência."
O técnico disse que vai aproveitar hoje a folga da seleção para passear. "Tenho muitas idéias na minha cabeça, posso pensar em outras coisas, não quero falar."
O time volta a treinar amanhã de manhã, com portas fechadas, no campo ao lado do Château de Grande Romaine, hotel onde a delegação se hospeda em Lésigny, na periferia de Paris.
Zagallo afirmou que o futebol de ontem foi o mesmo do treino de domingo, quando os titulares venceram os reservas por 5 a 1.
O técnico reclamou do árbitro russo Nikolai Levnikov, "que permitiu o jogo violento em alguns momentos". O técnico de Marrocos, Henri Michel, teve a mesma opinião, mas disse que o prejudicado foi o seu time.

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