São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998
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Medidas pretendiam reduzir o déficit

DA REDAÇÃO

O crash global ocorrido no final de outubro do ano passado, além de influenciar as economias mundiais, levou o governo Fernando Henrique Cardoso e sua equipe econômica a lançar um pacote com 51 medidas fiscais.
Os dois principais objetivos do pacote de 10 de novembro de 97 eram reduzir o déficit público e evitar a fuga maciça de capitais.
Mas, como a principal medida para segurar os investimentos externos foi dobrar os juros, isso tendia a elevar bastante o déficit público. Por isso, a maioria das medidas lançadas tratava de controle de gastos.
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o então ministro do Planejamento, Antonio Kandir, pretendiam ter um ganho fiscal de R$ 20 bilhões com as medidas.
Empresários e economistas avaliavam que o pacote poderia levar à recessão, e lideranças sindicais temiam aumento do desemprego.
Entre as medidas, estavam a demissão de 33 mil servidores não estáveis, elevação das alíquotas de Imposto de Renda, e aumentos de gasolina, álcool, óleo diesel e gás de cozinha (leia ao lado).
Memória
A queda na Bolsa de Hong Kong, que desencadeou o crash global, teve início em 23 de outubro do ano passado. Naquele dia, o índice Hang Seng registrava queda de 10,4%, a maior em dez anos.
As Bolsas de Sidney, Singapura, Tóquio, Londres, Frankfurt, Paris e Madri também sofreram queda.
No dia 27 daquele mês, a Bolsa de Hong Kong voltava a cair (5,8%). Nova York e Toronto sofriam queda de 7,18% e 6,12%, as mais severas desde o crash de outubro de 87, quando o índice Dow Jones teve queda de 22,6%.
A Bovespa fechou em -14,9%, o pior tombo desde o Plano Collor, em 21 de março de 90, quando a queda foi de 22,2%.
Gustavo Franco, presidente do Banco Central, dizia que a queda na Bovespa era um fenômeno "restrito à Bolsa", devido a uma excessiva valorização anterior das ações. O BC procurava minimizar a influência da crise de Hong Kong na Bolsa brasileira.
Dois dias depois, Franco afirmava: "Até agora, não fizemos nada demais, nada excepcional. O saco de maldades do governo ficou fechado. Tivemos sangue frio e evitamos maltratar o mercado desnecessariamente. Mas esse saco de maldades poderá ser usado a qualquer momento, se necessário."

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