São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998 |
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Escolas de 2º grau terão avaliação pública
BETINA BERNARDES
Essa é uma das determinações das diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio, homologadas ontem pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza. As diretrizes, de uso obrigatório, entram em vigor em 99. Elas tornam o programa do 2º grau flexível e reforçam a idéia de autonomia da escola na elaboração de seus próprios currículos, prevista na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Diferentemente do que acontece hoje, as escolas não receberão uma grade curricular básica para todo o país, com os nomes de disciplinas e número de horas. As diretrizes curriculares dão as grandes linhas para que cada escola elabore seu projeto pedagógico e dizem quais as competências e habilidades que o aluno deve ter depois de cursar as 2.400 horas mínimas previstas para o 2º grau. Essa carga horária deve ser dividida em duas partes: uma base curricular comum a todo o país e uma parte diversificada. Os currículos devem ser estruturados em dois conceitos norteadores: a interdisciplinaridade (relacionar as disciplinas em áreas de projetos de estudo, mantendo diálogo permanente entre elas) e a contextualização (situar no dia-a-dia do aluno o que ele aprende). A base comum será organizada em três áreas de conhecimento: códigos e linguagens, ciências da natureza e matemática e ciências humanas, todas englobando as tecnologias de cada área. Diversificação A parte diversificada vai ocupar 25% da carga horária e será definida pela própria escola, levando em conta as características regionais, culturais e a realidade dos alunos. "A identidade de cada escola vai estar muito ligada a essa parte", diz Ruy Berger, secretário de Educação Média e Tecnológica. Cada escola vai escolher a forma de organizar sua base nacional comum e a parte diversificada. "A contrapartida para essa flexibilidade que as escolas terão será um bom sistema de avaliação. Os Estados vão avaliar as escolas. Cada Conselho Estadual de Educação vai definir a periodicidade dessa avaliação, mas os resultados terão de ser tornados públicos, com os nomes de cada escola", diz. Essa flexibilidade maior não deverá dificultar, por exemplo, a transferência de um aluno de uma escola para outra, segundo Berger, porque há competências e habilidades definidas nacionalmente. Como o projeto pedagógico de cada escola deverá enfatizar mais o raciocínio e menos a "decoreba", a avaliação de cada aluno também deverá mudar. "Uma prova de história, por exemplo, poderia ser corrigida por dois ou mais professores -um de língua portuguesa-, porque seu conteúdo vai abordar diferentes aspectos", diz Berger. Seguindo essa filosofia, os livros didáticos de 2º grau também deverão ser diferentes. A previsão é ter, já no ano 2000 ou 2001, os primeiros livros com as novas tendências, orientando mais para a história do contexto e remetendo ao uso de jornais e revistas no dia-a-dia do ensino. "Dificilmente um livro poderá ser destinado a uma série específica, pois os conteúdos estarão muito relacionados", diz. Para ajudar na implementação desse novo 2º grau, Berger diz que estarão sendo usados US$ 5 bilhões nos próximos cinco anos. O dinheiro poderá ser usado tanto para infra-estrutura das escolas, como na implementação de projetos pedagógicos. Texto Anterior: Fundação Abrinq abre creche em parceria com a iniciativa privada Próximo Texto: Como fica o ensino médio (2º grau) Índice |
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