São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998
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Alemanha vence e é 1ª colocada

MARIA CRISTINA FRIAS; JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
ENVIADOS ESPECIAIS A MONTPELLIER

Vitória sobre o Irã confirma o favoritismo da seleção de Berti Vogts, que agora enfrenta os mexicanos nas oitavas-de-final

O excesso de zelo marcou ontem a vitória de 2 a 0 da Alemanha sobre o Irã, em Montpellier, que classificou o time de Berti Vogts para as oitavas-de-final da Copa.
Em campo, os alemães se mostraram muito preocupados com um adversário de limitadas qualidades técnicas, que confiava muito mais numa patriótica animação do que no próprio futebol.
Fora do campo, nas ruas de Montpellier e nas arquibancadas, os torcedores alemães esforçaram-se para tentar apagar a imagem de vandalismo e violência deixada pelos hooligans do país, no último domingo, em Lens.
Faixas de "perdão" à França e coletas de dinheiro para a família do policial ferido pelos torcedores violentos contrastaram com o enorme aparato policial, que barrou suspeitos na fronteira dos dois países e contou até com "fisionomistas" vindos da Alemanha, recrutados para identificar criminosos no meio da multidão.
Assim como ficou claro o contraste entre as duas equipes em campo. Um Irã que começou fechado na defesa, mas confiante. E que encontrou uma Alemanha desorganizada em seu setor de meio-campo.
A única jogada ofensiva eram, de fato, os cruzamentos para os atacantes Jürgen Klismann e Oliver Bierhoff, que, marcados, não conseguiam alcançar a bola.
No intervalo, com a Iugoslávia ganhando de 1 a 0 dos Estados Unidos e garantindo o primeiro lugar do grupo, Vogts decidiu que precisava mudar o time se quisesse de fato evitar a Holanda nas oitavas-de-final.
E alçou, finalmente, Lothar Matthäus para a posição de líbero, tirando Olaf Thon da partida e promovendo Dietmar Hamman para o meio-campo.
A mudança não provocou nenhum grande efeito tático na equipe, mas deu tranquilidade aos jogadores, aparentemente.
E, com um jogo mais organizado, a Alemanha facilmente chegou ao primeiro gol, numa jogada tramada por Jorg Heinrich e Thomas Hässler, que encontrou Oliver Bierhoff na pequena área. De cabeça, o atacante fez 1 a 0.
Animados com a vantagem, o time alemão passou a dominar a partida, e o segundo gol acabou saindo naturalmente sete minutos mais tarde.
Matthäus, cumprindo o papel de dar início às jogadas, fez bom lançamento para Heinrich que, de cabeça, tocou para Bierhoff. O atacante acertou a trave, mas, no rebote, Klinsmann conferiu, de cabeça, e fez 2 a 0.
Parecia o início de uma goleada, mas a Alemanha, com a tranquilidade do placar, acabou parando de novo em campo. Aquilo que Vogts diagnosticara no intervalo, voltava a se repetir.
Ulf Kirsten, que entrou no final do jogo, ainda fez o terceiro, mas o juiz Epifanio Gonzalez Chaves, do Paraguai, acabou anotando impedimento, que não existiu.
A Alemanha estava classificada e em primeiro no grupo, mas, mais uma vez, não conseguia comprovar a condição de favorita com a qual chegou à França.
O capitão, Klinsmann, reconheceu que de novo a equipe encontrou dificuldades. "Parecia uma repetição do que aconteceu contra os iugoslavos, no primeiro tempo. Graças a Deus, os iranianos não contavam com a mesma técnica, dando espaço para a nossa reação", afirmou.
Contra os mexicanos, segunda, pelas oitavas, o efeito pode até se repetir. Mas a cautela alemã poderá mostrar-se não ser suficiente para a equipe alcançar a final.

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