São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998
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Maus presságios

ALBERTO HELENA JR.

Não sei se ainda são os efeitos da derrota diante da Noruega, mas o fato é que ando por aqui como aquele personagem da Família Buscapé sobre cuja cabeça pairava sempre uma nuvenzinha negra, com relâmpagos e tudo. E o coletivo de ontem -o último, antes do jogo de amanhã contra o Chile- não serviu para me animar nem um pouquinho.
Voltamos à formação original, com César Sampaio como segundo volante, pela direita, e Leonardo, na meia, ao lado de Rivaldo. E nem assim partimos do ponto abandonado desde a vitória sobre Marrocos.
Deu-me, isso sim, a sensação de que retroagimos aos primeiros treinamentos. Com uma diferença: a considerável redução na quantidade e volume dos gritos entre os jogadores.
Todos com ar grave, nem por isso com maior determinação, pareciam presas daquela tensão provocada mais pelo desgaste do que pela expectativa. Pouco riso e muito siso, como dizia o velho adágio.
E quem mais sofreu com isso foi a bola, tocada sem carinho, nem jeito, daqui pra lá, de lá pra cá, sem profundidade, muito menos fluência.
É... Pelo que se pode captar do lado de cá da cerca, essa história de grupo unido é apenas grupo.
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Fico sabendo aqui que a Globo, afinal, exibiu a cena do crime: Júnior Baiano puxando a camisa do norueguês na área. A família Kfouri, portanto, estava certa. E, eu, este solitário "videota", errado. Pelo que peço desculpas a todos. E até a próxima atração.
*
Menos animador ainda é ver esse menino de ouro, literalmente, o Ronaldinho, passeando cabisbaixo pelo campo de Ozoir.
Sem alegria, não há futebol.
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Por falar nisso, nunca vi antes uma seleção reserva tão acomodada com a situação como esta. Rigorosamente, apenas o lateral Zé Carlos revela empenho. O resto nem tá aí.
Nem mesmo Denílson, de quem, confesso, esperava uma Copa antológica.
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A Holanda tem sido a mais brilhante da Copa, apesar do empate de ontem. Mas é a Itália -um time mais compacto- quem exibe a pinta de campeã.

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