São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 1998
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Tese acompanha nova temporada no Paço

CAMILA VIEGAS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Desvio para a Pintura", tese de doutorado do artista plástico Marco Giannotti, defende que a pintura contemporânea é mais do que nunca produto de vivência. A pesquisa conceitual valoriza a necessidade de expressão do artista que retrata sua experiência.
A tese será defendida dia 10 de julho, às 14h30, no Paço das Artes, com a presença da orientadora e artista plástica Carmela Gross e dos críticos Rodrigo Naves, Alberto Tassinari, Ana Belluzo e Ismail Xavier. A parte prática pode ser vista a partir de hoje, às 20h, no mesmo local.
Paralelamente, será aberta a segunda edição da "Temporada de Projetos 1998". Participam da exposição os artistas Eide Feldon, Eva Castiel e Tuca Stangarlin.
As dez telas de Giannotti chamam atenção pelas cores vibrantes. Num segundo momento, percebem-se circuitos e caminhos que definem as áreas de cor. Após alguns minutos dentro da sala, o observador começa a sentir as cores no ambiente.
Esse terceiro estágio é o que mais interessa ao artista. "A pintura não interessa se não sai do quadro, a observação também deve ser uma experiência", explica.
Giannotti mostra também 12 folhas do caderno de anotações que deu início a essa pesquisa. São colagens de pequenas fotografias da paisagem de Cubatão cobertas de tinta acrílica.
O artista encontra lirismo nas torres de luz e reatores de energia, que podem ser metáfora da pintura. "Essas máquinas produzem e transmitem eletricidade. A pintura transforma pigmento em luz."
Os decalques de letras e números das colagens e inscrições da palavra watts e outros números dos quadros são indicadores de potência. Para o artista, trata-se da influência de Mira Schendel, que lhe mostrou a amplitude da arte.
É interessante perceber o jogo das dimensões no tratamento dado às fotografias da paisagem (macro), reveladas em pequenos formatos, e as pinturas, que chegam a medir 2,30 metros por 4,50 metros e parecem visões dilatadas de microcircuitos.
O recorte das fotografias produz semelhanças entre as figuras e a composição das telas. O artista lembra Gombrich para explicar seus enquadramentos. "O pintor procura no mundo aquilo que pinta, e não o contrário."
Na "Temporada de Projetos 98" há um trabalho que também usa circuitos eletrônicos como inspiração. Eide Feldon preparou um painel de vidro com inúmeras placas de resina contendo partes de sistemas de telefones celulares e computadores em "Ágora" (nome dado ao lugar onde os gregos se reuniam para filosofar).
Tuca Stangarlin evoca luto com sapatos alinhados e uma sala com peças de madeira e cabelo. Eva Castiel apresenta "Sweet Dreams", feito de balas e um painel coberto de véu transparente.

Exposição: Marco Giannotti e Temporada de Projetos 1998
Quando: Vernissage hoje, às 20h. De seg. a sex., das 13h às 20h; sáb., das 10h às 14h. Até 2 de agosto
Onde: Paço das Artes (av. da Universidade, 1, Cidade Universitária, tel. 011/813-3627)

O quê: Desvio para a Pintura, defesa da tese de doutorado em Poéticas Visuais da ECA/USP
Quando: 10 de julho, às 14h30
Onde: Paço das Artes

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